Sem terra querem reestatizar Fosfertil

A alta no preço de fertilizantes motivou cerca de 700 camponeses a protestar em frente à fábrica da Fosfertil, da multinacional Bunge, em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba.

Os manifestantes fazem parte da Via Campesina, do Comitê em Defesa dos Pequenos Agricultores, da Central Única dos Trabalhadores no Paraná (CUT-PR) e de entidades da agricultura familiar no Estado.

Eles permaneceram no local das 5h às 12h de ontem e impediram a entrada dos trabalhadores na fábrica. Das 12h15 às 14h30, grupo bloqueou o trânsito na BR-476.

Os manifestantes reivindicaram ao governo federal a reestatização da Fosfertil, privatizada há 15 anos, a quebra do controle das transnacionais sobre os alimentos e fertilizantes e uma nova política de financiamentos para a agricultura familiar. O protesto fez parte da Jornada Nacional de Luta contra o Agronegócio e em Defesa da Agricultura Camponesa.

Segundo o secretário-geral da CUT-PR, Ademir Pincheski, a alta dos alimentos é conseqüência do aumento dos fertilizantes. ?Desde a privatização da Fosfertil, o preço dos fertilizantes aumentou mais de 600%, um valor muito alto para que seja absorvido pelos pequenos produtores, que são obrigados a repassar o acréscimo ao consumidor?, disse.

As condições de trabalho na Fosfertil também foram alvo de protesto. ?Queremos que seja revisto o tratamento dado pelas multinacionais aos pequenos trabalhadores no campo. O principal problema é a falta de segurança nas fábricas, que causa acidentes de trabalho?, afirmou o secretário-geral da CUT.

Pincheski informou que outras atividades estão sendo programadas para os próximos dias, dentro do calendário de manifestações nacionais da Jornada, mas não quis antecipar quais seriam as ações.

A Fosfertil tem como principal acionista a Bunge, que, segundo a Via Campesina, controla 52% da produção de fertilizantes no Brasil. Em manifesto, a Via Campesina informou que a empresa aumentou o lucro em 93% em 2007, o que estaria ferindo a legislação trabalhista.

Resposta

Em nota, a Fosfertil declarou que ações como a dos manifestantes de ontem impedem o atendimento ao mercado. ?Ações como essa vão contra o suposto objetivo do movimento que seria melhorar a oferta de fertilizantes para a agricultura brasileira?, dizia o documento.

A Fosfertil justificou que o Brasil é dependente da importação de fertilizantes, o que forçaria o País a praticar os preços do mercado internacional, além da influência do aumento constante no preço do petróleo, que elevaria os custos das matérias-primas utilizadas na produção de fertilizantes nitrogenados.

MST ocupa praça de pedágio na Lapa

Outro protesto que integrou a luta nacional da Via Campesina foi provocado por cerca de 90 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no quilômetro 191 da BR-376, onde fica a praça de pedágio da Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

A concessionária Caminhos do Paraná, que administra o trecho, informou que os manifestantes abriram as cancelas e, por aproximadamente 40 minutos, os motoristas que passaram pela BR-376 puderam passar pelo pedágio sem pagar. Das 14h15 às 14h55, os manifestantes aproveitaram para distribuir um jornal informativo do movimento, sem causar danos à estrutura da praça de pedágio.

Syngenta

Depois de dois anos de ocupação do MST na fazenda da Syngenta Seeds, no município de Santa Teresa do Oeste, ontem os diretores da empresa retomaram oficialmente a posse da estação de pesquisa.

A colheita dos últimos produtos de consumo que foram plantados durante a ocupação foi encerrada ontem pelas famílias do MST. A retirada dos integrantes do movimento foi negociada durante a semana pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e ocorreu de forma pacífica.

Nos próximos dias, a Syngenta deve preparar um relatório de avaliação das condições nas quais a fazenda foi entregue para depois decidir qual será o destino da unidade. Ontem, a empresa manifestou-se por meio de comunicado sobre a desocupação.

?Para a Syngenta, a ação de hoje representa o reconhecimento dos seus direitos e o fim de um longo período de processos judiciais, em que todos os esforços da empresa concentraram-se em garantir a segurança da comunidade e a solução pacífica da questão?, informou. Em outubro do ano passado, o MST entrou em confronto com vigilantes da Syngenta na estação de pesquisa, o que resultou na morte de um segurança e de um sem terra.

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