Saneamento evolui pouco no Paraná

Apesar de possuir médias superiores às nacionais, o Paraná ainda é, dentre os estados do Sul e maior parte do Sudeste, o que acumula menor número de domicílios atendidos por rede de esgoto ou fossa séptica. Além disso, apresentou crescimento nesse índice de apenas 1,2% entre os anos de 2005 e 2006, contra a média anual de 1,59% registrada nacionalmente. Foi o que apontou a Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelou também o quanto o acesso ao saneamento básico cresce a passos lentos no País. Segundo projeções da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base nos dados da pesquisa, se continuar nesse ritmo, o Brasil chegará a 2063 ainda com 25% dos lares sem coleta e tratamento de esgoto.

A pesquisa do IBGE evidenciou que mais da metade dos domicílios brasileiros (51,5%) não dispõe de esgotamento e tratamento sanitário. Além disso, o acesso a esse serviço, de acordo com a FGV, avançou de forma pífia nos últimos 14 anos, atravessando quatro gestões presidenciais ao ritmo médio de 1,59% ao ano. O Sul e o Sudeste, apesar de mostrarem médias superiores às nacionais e quase duas vezes maiores que de regiões como Nordeste e Centro-Oeste, ainda acumulam um lento crescimento. O Paraná, por exemplo, passou dos 68,5% de domicílios atendidos por rede de esgoto ou fossa séptica em 2005 para 69,7% no ano passado. Em Santa Catarina, esse crescimento foi de 2,7%, passando de 82,6% dos domicílios atendidos para 85,3%. No Rio Grande do Sul, o índice é de 80,4%, enquanto em São Paulo e Rio de Janeiro, atinge os 92,3% e 90,6%, respectivamente.

Para o coordenador do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Positivo (UnicenP), Cláudio Krüger, os dados são lamentáveis. ?É uma disparidade perceber que existem mais pessoas com telefone que com ligação de esgoto?, equipara – a Pnad mostrou que 74,5% das residências brasileiras dispunham deste aparato em 2006. ?Trata-se de um tipo de obra que não recebe tantos dividendos políticos por não aparecer muito, apesar de estar entre os maiores problemas das cidades.?

O vice-chefe do departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Edevar Daniel, lembra que este fator influencia diretamente a saúde da população. ?Onde o saneamento é melhor, o índice de doenças é menor?, contrapõe. Vizinhos brasileiros, como Chile e Argentina, acumulam índices de coleta e tratamento de esgoto bastante superiores aos brasileiros, cita o professor. ?Mesmo assim, é preciso lembrar que, hoje, somos bem menos acometidos por doenças infecciosas, como as transmitidas pela água, que na década de 50. Apesar de ainda existirem, poucas vezes essas enfermidades levam à morte?, ressalva.

Sanepar contesta números e divulga metas até 2010

O presidente da Sanepar, Stênio Jacob, explica os índices de crescimento de coleta e tratamento de esgoto contrapondo-os aos de abastecimento com água potável. ?Não apenas o Paraná, mas todo o País se comprometeu a primeiro perseguir a meta de atender a população com água tratada. É o elemento mais importante na política de saúde?, afirma. O Paraná, de acordo com Jacob, atingiu mais de 99% da população com acesso a esse serviço ainda em 1994.

Com relação ao esgoto, ele destaca que o Estado preocupa-se em avançar não apenas na coleta, mas também no tratamento. ?Todo o esgoto coletado no Paraná é tratado.? Segundo Jacob, o Estado tem como meta contemplar com rede de esgoto, até 2010, 65% dos domicílios localizados em municípios com população entre cinco mil e 50 mil habitantes e 80% naqueles com população superior.

Já no comparativo entre os estados vizinhos, o presidente demonstra estranhar os dados. ?Historicamente, o que sempre soube é que o Paraná esteve à frente de Santa Catarina e Rio Grande do Sul nesses indicativos?, diz. Ao crescimento abaixo da média anual nacional ele contrapõe números diferentes. ?O número de ligações de esgoto no Estado cresceu 10% em 2006 e a tendência é aumentar ainda mais.? Os investimentos de 2003 para cá, aponta, foram de R$ 1,3 bilhão, e a expectativa é de que valor igual a este seja aplicado até 2010 na área de saneamento. O governo federal, por sua vez, promete investimentos de R$ 10 bilhões na expectativa de duplicar o ritmo de expansão e chegar a 2010 com 80% dos municípios atendidos com água e esgoto. Hoje, pouco mais de 71% da população tem acesso a estes serviços.

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