Reunião entre indígenas e Funasa termina sem acordo

Indícios de irregularidades foram apontados ontem pela comissão de dez integrantes indígenas do Paraná que se reuniu em Brasília com a coordenação regional e a presidência da Fundação Nacional de Saúde Indígena (Funasa).

Os índios foram até a capital federal para exigir a recontratação do serviço terceirizado de transporte de saúde nas aldeias do Estado, suspenso no mês passado com a alegação de falta de recursos.

Os líderes indígenas saíram insatisfeitos da reunião. ?Nosso objetivo não foi alcançado. O presidente da Funasa, Danilo Forte, e sua comissão não quiseram assinar a ata da reunião. O acordo foi apenas verbal?, lamentou o índio guarani Márcio Lourenço.

Segundo ele, a Funasa alegou falta de recurso orçamentário, mas, após quatro horas de reunião, se comprometeu a voltar a fornecer 17 carros para fazer o transporte dos índios doentes para as cidades e das equipes multidisciplinares que atuam nas aldeias, além de garantir o conserto dos veículos que estão com defeito.

No contrato anterior constava que havia 35 veículos à disposição dos índios que vivem no Paraná. Mas, segundo informações do índio caingangue Rildo Mendes, integrante da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin-Sul), muitos desses carros eram apenas ?carros de ficção?, usados para desvio de verbas federais. ?Na aldeia de Mangueirinha, a lista fornecida pela Funasa indicava que havia quatro carros, mas lá só tem dois veículos?, exemplificou.

Dois integrantes da Arpin-Sul permaneceram em Brasília para continuar investigando o caso e os outros retornaram ontem mesmo para Curitiba. Hoje pela manhã, uma reunião que deve definir as próximas ações do grupo deve ser feita na sede da coordenação regional da Funasa, onde cerca de 60 índios está desde a última segunda-feira.

Ontem, o trabalho no prédio da Funasa ocorreu normalmente, apesar da presença dos indígenas. Até o fechamento desta edição, a coordenação regional da Funasa não havia se pronunciado sobre o encontro em Brasília.

Apoio

Novos bloqueios de apoio à reivindicação indígena aconteceram durante todo o dia de ontem na BR-373, que liga os municípios de Pato Branco e Mangueirinha, no interior do Estado.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), havia 600 índios mobilizados na rodovia, divididos em 300 integrantes em dois pontos da BR-373. A PRE orientava os motoristas a pegar um desvio no município de Chopinzinho para o acesso à BR-277, com um acréscimo de 80 quilômetros no percurso.

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