Os três jacarés que estão no lago do Parque Barigüi, em Curitiba, ainda não foram capturados. Eles serão encaminhados para outros locais, com orientação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). A medida foi determinada após o ataque de um dos jacarés a um cachorro. Enquanto a captura não acontece, os jacarés continuam dando o ar da graça. Os animais já são considerados símbolos do Parque Barigüi e estão no imaginário da população. Há quem defenda a permanência deles no local.
Uma dessas pessoas é o economista aposentado Luiz Carlos Marquesi, que garante ser o responsável por trazer o primeiro réptil. ?O jacaré está ali há mais de 30 anos. Já se adaptou, tem fartura de comida. Retirá-lo dali agora seria uma grande agressão?, acredita.
| Foto: Walter Alves |
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| Foto da pescaria realizada anos atrás, no Rio Paraná. |
Tudo começou em uma pescaria no Rio Paraná, quando Luiz Carlos e seus companheiros encontraram o filhote de jacaré todo ensangüentado. Eles ficaram com dó, pois o animal certamente morreria ali, e o trouxeram para Curitiba. Luiz Carlos levou o jacaré para um consultório veterinário, onde foram constadas algumas lesões, mas que não decretariam a morte do animal. ?Quando ele melhorou, liguei para a Prefeitura, mas eles alegaram que não possuíam espaço para ele. Eu não queria matá-lo, pois nós o trouxemos exatamente para não deixá-lo morrer. Eu soltei o jacaré no Rio Barigüi, da ponte da BR-277, quando o parque ainda estava sendo construído?, relata Luiz Carlos.
| Foto: Lucimar do Carmo |
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| Luiz Carlos: ?Uma grande agressão?. |
Depois de dois ou três anos, começaram os relatos da existência de um jacaré no lago do parque. Surgiram muitos boatos e o fato passou a ser especulado em toda a cidade. O jacaré chegou a ser comparado ao ?Monstro do Lago Ness?. As especulações foram tão grandes que o jacaré acabou se tornando um símbolo do parque. Neste meio tempo, houve movimentos para a retirada do animal do lago. Há nove anos, durante uma forte mobilização para este mesmo fim, Luiz Carlos decidiu acabar com o mistério e revelou ser o autor da façanha. ?Ele é um símbolo da cidade?, comenta o aposentado.
Ele propõe a realização de uma consulta popular com os habitantes de Curitiba para determinar a saída ou não dos jacarés do Parque Barigüi.
Zoológico
Durante dois meses, equipes do Zoológico de Curitiba monitoraram a rotina dos três jacarés do Barigüi. Foram montadas armadilhas, mas apenas um animal deu indícios de que seria capturado, porém isso não aconteceu. As equipes continuam realizando as tentativas. ?O que atrapalha é a grande área onde os jacarés podem circular?, conta Marcos Traad, diretor do departamento de zoológico da Prefeitura de Curitiba.
Dois jacarés são da espécie papo-amarelo e um do pantanal – o primeiro a ser deixado no Barigüi.