Pescadores começam a receber seguro-desemprego

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A maioria dos pescadores cadastrados só vai receber dinheiro em janeiro.

Apenas uma parte dos pescadores afetados com a proibição da atividade no litoral paranaense – devido a explosão do navio chileno Vicuña e posterior derramamento de óleo – cadastrados recebeu o seguro-desemprego liberado ontem pelo Ministério do Trabalho. Das cerca de 2 mil pessoas cadastradas, só 775 vão passar o Natal e Ano Novo com algum dinheiro no bolso. Os demais devem receber até o dia 3 de janeiro.

O delegado regional do Trabalho no Paraná, Geraldo Serathiuk, explica que o dinheiro está vindo em dois lotes. Isso aconteceu devido uma portaria do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que em princípio garantia o seguro-desemprego apenas para os pescadores de baía e não os de alto-mar. No entanto, cerca de mil trabalhadores atuam em uma faixa intermediária entre a Baía de Paranaguá e o alto-mar. Esses pescadores, porém, acabaram ficando de fora. Só depois de reuniões entre o Ministério da Pesca, DRT e Ibama, a portaria foi revogada. No entanto, os pescadores vão ter que esperar provavelmente até janeiro de 2005 para receber o seguro.

Segundo o presidente da Federação da Colônia de Pescadores do Paraná, Edmir Manoel Ferreira, o clima entre os pescadores é de revolta. "Alguns queriam quebrar a nossa sede e outros choravam desesperados. Todos estão precisando", conta. Há uma semana, a Defesa Civil terminou de distribuir as cestas básicas doadas pelas companhias responsáveis pelo acidente com o navio. Mas em muitas casas a comida já acabou. "A cesta era para uma família pequena. Os pescadores têm vários filhos", revela Edmir.

O dinheiro distribuído pela Caixa Econômica Federal vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e foi liberado após uma visita do ministro da Pesca José Fristch à Paranaguá, para avaliar os estragos causados pelo acidente. Os pescadores vão receber duas parcelas do atual salário mínimo, R$ 260.

O Ibama, no entanto, ainda está analisando se até o dia 14 de janeiro haverá condições para liberar a pesca. Se os laudos forem negativos, os pescadores vão continuar proibidos de trabalhar e o seguro-desemprego será estendido. A próxima parcela do primeiro lote deve ser paga daqui 30 dias, em 16 janeiro. Os pescadores do segundo lote devem receber a segunda parcela só em fevereiro.

Alto-mar

Segundo Ferreira, o pedido de seguro-desemprego dos pescadores que atuam em alto-mar foi indeferido. Mesmo podendo trabalhar, eles enfrentam uma situação crítica já que ninguém está comprando peixe em Paranaguá. "Eles vendem no mercado municipal que está às moscas", revela. Ferreira explica que em princípio eles acharam que os 4.411 pescadores cadastrados para receber as cestas básicas seriam beneficiados. "Estamos tentando reverter a situação", afirma. Ainda há pescadores dando entrada no pedido de seguro-desemprego.

9 pontos impróprios para banho

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, através do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) divulgou ontem o primeiro boletim de balneabilidade, que indicou nove pontos impróprios para banho nas praias e rios do litoral do Paraná. O número de pontos impróprios aumentou em comparação ao primeiro boletim divulgado em 2003, quando apenas três locais foram considerados impróprios para banho.

Em Antonina e Morretes os quatro pontos analisados considerados impróprios estão localizados na Ponta da Pita, Rio Nhundiaquara em Porto de Cima e Largo Lamenha Lins e no Rio Marumbi, próximo à estrada Anhaia.

Na Ilha do Mel, dos cinco pontos avaliados, dois estão impróprios na praia de Encantadas, sendo um 130 metros à esquerda do trapiche e 250 metros à direita do trapiche. Em Matinhos, apenas o ponto localizado em frente ao mercado de pescados está impróprio para banho. Já em Guaratuba está proibido o banho 200 metros à direita do Rio Prainha e em Caieiras na direção da Rua Frederico Nascimento.

Além dos nove pontos impróprios, quatro pontos foram considerados satisfatórios, onze pontos bons e seis excelentes. O município de Pontal do Paraná foi o único que não apresentou pontos impróprios entre os cinco locais analisados.

O aumento no número de pontos deve-se ao período de chuvas intensas durante duas coletas realizadas pelo IAP. "A chuva proporciona a limpeza da caixa dos rios e o carreamento dos esgotos que acabam desembocando no mar. Isso aumenta o número de pontos contaminados", informou o presidente do IAP, Rasca Rodrigues.

Aprovado plano de resgate

O plano de remoção dos restos do navio Vicuña, apresentado pela companhia holandesa Smit Salvage B.V, foi autorizado pelo 5.º Distrito Naval do Rio Grande do Sul. Segundo o capitão de Mar e Terra da Capitania dos Portos, Osmar Pedro da Cunha, o corte das oito mil toneladas do navio chileno só deve ser realizado no dia 29 de dezembro e os destroços só vão ser retirados do local em janeiro. Cerca de quarenta pessoas devem trabalhar na retirada do que sobrou do navio depois da explosão em 15 de novembro.

As embarcações que vão fazer a retirada do material já chegaram a Paranaguá. São duas embarcações com fundo chato para carga. Elas funcionam como guindastes para içar e cortar o navio. Uma delas com capacidade para 1,2 mil toneladas e outra para 200 toneladas.

Os destroços vão ser levados em janeiro para o cais da empresa Tenenge, em Pontal do Paraná. O material será vendido para o grupo Gerdau, que ficará responsável em dar a destinação final ao que sobrou do navio.

Cuidados

O plano apresentado pela empresa levou em conta a preocupação em minimizar os danos que podem ser causados ao meio ambiente durante a retirada dos restos da embarcação. Primeiro serão recortados e removidos a proa, a popa e o motor, que são partes que podem conter resíduos de óleo. Técnicos estimam que ainda possa conter no navio cerca de 10% do total da carga inicial de 1,5 mil toneladas.

Para evitar mais vazamento de óleo, a empresa irá construir barreiras em torno do Vicuña e montou ações prevendo possíveis derramamentos. (EW)

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