Imagina só ter todas as informações do seu carro – desde a saída da fábrica até a última revisão – organizadas num lugar só e à prova de fraudes? É isso que o Paraná está começando a fazer com o Passaporte Veicular Digital, um dos projetos mais inovadores do Brasil na área de mobilidade e tecnologia.
O projeto-piloto, que vai tokenizar mil veículos paranaenses, é uma parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR). Na prática, é como se cada carro ganhasse uma identidade digital única, registrada em blockchain, vinculada ao número do chassi.
E o que isso significa para os motoristas? Imagina ter acesso a todo o histórico do seu carro – revisões, quilometragem real, seguros, financiamentos, ocorrências e transferências – tudo isso garantido por uma tecnologia que não permite alterações indevidas.
A implantação vai acontecer ao longo de 120 dias, começando pelo desenvolvimento do sistema para armazenar os dados, criação dos portais de consulta e testes de segurança, privacidade e operação. Depois vem a parte mais legal: a operação assistida com mil veículos já tokenizados.
“Inicialmente, será feita uma prova de conceito e o Tecpar vai trabalhar com uma amostragem de 1000 veículos. Nos primeiros 120 dias vamos incluir todas as informações da base de dados do Detran-PR referentes a esses veículos e vamos inserir na tecnologia blockchain, que é o desenvolvimento da própria tecnologia em si”, explica o gestor do projeto e gerente do Centro de Tecnologia de Materiais do Tecpar, Wellington Vechiatto.
Todo esse processo vai ser acompanhado por um Comitê Gestor formado por equipes técnicas das instituições, com reuniões quinzenais para validar cada etapa.
O futuro do Passaporte Veicular
Depois que a fase-piloto for concluída e os resultados validados, o plano é expandir o Passaporte Veicular Digital para toda a frota do Paraná. Isso vai colocar o estado como referência nacional em inovação aplicada à mobilidade e gestão pública.
Eduardo Marafon, diretor-presidente do Tecpar, já tem um cronograma em mente: “A intenção é implantar o projeto até o final de 2026, com a meta de inserir toda a frota do estado neste banco de dados em um período de cinco anos, com a disponibilização de todas as informações possíveis sobre cada veículo. Conforme for aumentando a disponibilidade de funções do projeto, vamos entrar em contato com as montadoras para abranger mais informações até criar esse gigantesco banco de dados.”
Para Marafon, testar tudo em mil veículos antes de expandir é super importante para garantir que a tecnologia chegue pronta para uso. “Nossa intenção é validar a tecnologia em mil veículos antes de expandi-la. Queremos entregar algo seguro, funcional e que realmente facilite a vida das pessoas”, afirma.
A segurança e transparência são o coração desse projeto. Por usar blockchain, a solução garante que as informações não podem ser adulteradas, o que reduz fraudes em quilometragem, registros e documentação. E já nasce alinhada à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com controle bem rigoroso de quem acessa o quê.
Santin Roveda, presidente do Detran-PR, ressalta que o ganho para nós, cidadãos, é direto: processos mais simples, menos burocracia, mais agilidade nas transferências e confiança total nas informações sobre o próprio veículo.
“O Passaporte Veicular Digital abre espaço para novos serviços e um fluxo contínuo de dados confiáveis que reforça a segurança para as empresas do setor automotivo, como seguradoras, revendas, montadoras e oficinas, e para os cidadãos. Este projeto coloca o Paraná entre os estados mais avançados do mundo na adoção de blockchain aplicada ao setor automotivo. É uma tecnologia que entrega confiança, transparência e velocidade, benefícios que impactam diretamente os paranaenses e toda a cadeia automotiva”, destaca.
