Fertilizante

Paraná movimentou neste ano 207 mil toneladas de nitrato de amônio, produto que explodiu no Líbano

Portos do Paraná já movimentaram, apenas em 2020, 207 mil toneladas do produto que gerou mega explosão no Líbano. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo.

Durante pelo menos seis anos, mais de 2,5 mil toneladas de nitrato de amônio foram armazenadas em condições precárias no porto de Beirute, no Líbano. O resultado disso foi uma tragédia: a explosão de um depósito, na última terça-feira (4), que deixou até agora 145 mortos e 5 mil feridos, além de um rastro de destruição na cidade. O produto que ocasionou a explosão é usado na fabricação de fertilizantes, mas também é o principal componente em certos tipos de explosivos de mineração.

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Segundo o Ministério da Economia, o Porto de Paranaguá é a principal porta de entrada de fertilizantes no Brasil, recebendo 30% do total importado pelo país. Somente nos sete primeiros meses de 2020 foram movimentadas 207.860 toneladas de nitrato de amônio nos terminais de Paranaguá e Antonina, segundo a administração dos Portos do Paraná. No ano passado, o volume foi de quase 300 mil toneladas, oriundas principalmente da Rússia. Apesar dos números expressivos, a substância representa apenas 3,5% do total de fertilizantes importados que passam pelo estado.

“Nunca tivemos problemas relacionados a essa substância. A autoridade portuária, assim como os terminais, operadores e armazéns, atua com os devidos planos de segurança atualizados”, garante o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia. De acordo com ele, quatro empresas operam o nitrato de amônio nos terminais e 11 armazéns são credenciados para receber o produto.

Controle e fiscalização rígidos

Segundo Garcia, quem trabalha com o produto segue uma rotina rígida de fiscalização e prestação de contas impostas pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC), ligada ao Exército. As empresas devem solicitar ao órgão um certificado especial de registro, que só é concedido mediante ajustes e adequações que envolvem a construção dos armazéns, segurança do produto (para impedir desvio ou roubo), armazenagem e treinamento de pessoal.

A cada importação o Exército é notificado e, após avaliar a situação documental, emite uma licença específica. Antes mesmo da atracação do navio, o Exército deve ser notificado sobre o local para onde a carga será levada e armazenada. Mesmo para um curto trajeto, do cais até o armazém, o caminhão que transporta o produto também deve ser certificado. No Porto de Paranaguá, os veículos e motoristas são capacitados especificamente para esse transporte e recebem, também do Exército, um selo de identificação.

O rastreamento de cada lote que chega é conferido pelos representantes do Exército ao final da descarga. No cais, os equipamentos que operam o nitrato de amônio passam por checagem (elétrica e mecânica) a cada duas horas; nas demais operações, isso ocorre a cada turnos de seis horas. Nos armazéns, o produto é acomodado entre paredes de concreto, em boxes iluminados com lâmpadas frias, devidamente identificados, com controle de acesso, avisos de segurança e pessoal devidamente treinado.

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