Na busca pelo par ideal, agências saem ganhando

Chegou o dia dos apaixonados, dos enamorados. É nesta época do ano, quando os corações solitários batem mais forte, que as agências de relacionamentos registram maior procura. São solteiros (e solteiras), divorciados e viúvos em busca de um novo amor. Geralmente recorrem às agências por falta de tempo, por não gostarem de freqüentar barzinhos e restaurantes ou ainda porque acreditam se tratar de um método seguro e confiável para iniciar um novo relacionamento.

Na Golden Years, no mercado há oito anos, a procura por um par aumenta em quase 30% nesse período, revela a proprietária e consultora de relacionamento Marlene Heuser. “As pessoas se descobrem sozinhas tarde da noite ou durante fim de semana, ou então passam um péssimo Dia dos Namorados e vêm nos procurar”, conta. De acordo com ela, o aumento começou no final de abril a início de maio. “Conhecer pessoas é fácil. Difícil é encontrar alguém compatível com você”, aponta. Segundo ela, seus clientes alegam que trabalham demais, que não querem se envolver amorosamente no ambiente de trabalho e não têm o perfil de sair à noite para paquerar.

Desde que foi criada, a agência já promoveu 500 uniões. Atualmente são 2,5 mil pessoas cadastradas, de Curitiba, de várias cidades do País e até do exterior, a maioria delas (60%), mulheres. Grande parte tem entre 25 e 55 anos de idade e 85% possuem nível universitário. A taxa anual cobrada pelo sistema de conhecimento a dois é R$ 550,00.

Na Par Ideal, agência de relacionamentos, a procura por novos amores aumenta em até 20% depois do Dia dos Namorados. “Muitas pessoas passam a data sozinhas e querem encontrar alguém”, aponta a proprietária Sheila Chamecki Rigler. Embora se destine ao casamento, a agência tem o registro de muitos namoros – são cerca de 200 casais atualmente, além das 500 uniões realizadas ao longo dos oito anos. Há aproximadamente 1,5 mil pessoas cadastradas, de 24 a 78 anos. Quase 95% delas têm nível superior.

Um item que chama a atenção, conta Sheila, é a escassez de mulheres disponíveis na faixa de 21 a 28 anos. “A procura masculina é muito maior. São moços formados, com estabilidade financeira, que reclamam que as moças só querem saber de ?ficar?, revela. Para a proprietária, a ausência de mulheres dessa faixa etária se deve à vida profissional. “Geralmente elas procuram uma agência depois dos 30 anos, quando já estão formadas, têm vida financeira estável e querem se casar.” A taxa anual é de R$ 620,00, e a Par Ideal só aceita cadastros feitos pessoalmente.

Simpatias e aromas para o amor

Simpatias, banhos de flores, incenso, velas e óleos aromáticos. No mundo esotérico, opções não faltam quando o assunto é arranjar um namorado ou manter a relação com o atual. Na Livraria Pirâmide, especializada em artigos de magia e afins, a procura por tais objetos começou há cerca de duas semanas, especialmente pelas mulheres. “Os homens até vêm e compram principalmente incenso. Mas a maioria mesmo são as mulheres”, revela a gerente de vendas Maria Ângela de Lara Araújo.

Entre as opções, ela indica incenso adocicado como de patcholi, jasmim e ópium -que produzem um ambiente aconchegante e envolvente -, velas do amor, banhos de flores e óleos aromáticos – especialmente de ylang-ylang, verbena e dama da noite. Livros como o de poções mágicas, simpatias e de pratos com temperos afrodisíacos -como cravo, canela, gergelim e açafrão – também fazem parte do rol de opções. Quanto à eficácia de tais produtos, Maria Ângela diz que “em que tudo que se acredita, realiza.” “Na verdade, é um ritual para você receber a pessoa. E quanto você se volta para si, se prepara, funciona.”

Casos que deram certo

A comunicadora visual V.P.C., de 43 anos, ficou casada durante 14 anos. Quando se separou, há sete, se viu sozinha e com um bebê no colo. “Eu não tinha parâmetro para me relacionar socialmente de novo. A agência de casamento foi a minha primeira opção, e deu certo”, conta. Até encontrar a pessoa ideal, no entanto, foram quase quatro anos de espera e muita paciência. “Conheci várias pessoas, namorei alguns, mas nenhum deu certo. Até que a agência me contatou novamente e vi a ficha do meu atual noivo”, relata.

V.P.C. conta que mesmo sem ver a foto do ?candidato? se encantou com o perfil descrito. “Ele não é um homem bonito, mas para mim é uma pessoa maravilhosa”, diz, referindo-se ao noivo – um empresário de 49 anos de idade, divorciado. Segundo V.P.C., o fato de tê-lo conhecido através de uma agência não interfere em nada no relacionamento. “Toda a minha família sabe como nos conhecemos”, diz. Para ela, o que mais pesou na escolha por uma agência foi a questão da segurança. “O primeiro critério foi a confiança. Sou bastante precavida e nunca me arrisquei em relacionamentos pela internet. E à noite, é muito comum encontrar homens sem as esposas e sem as alianças.”

A empresária I.S., 33 anos, também viu na agência de relacionamento a possibilidade de encontrar uma pessoa para se relacionar seriamente, com segurança. Há dez meses conheceu seu atual namorado – um executivo de 41 anos de idade, divorciado. “É muita sorte conhecer à noite, em um barzinho, alguém que queira a mesma coisa que você. Eu já tive outros namorados, mas nenhuma pessoa que conheci à noite prestou”, lembra. O sucesso via agência já tem inclusive influenciado as amigas da empresária, conta.

No Dia dos Namorados, reforço no combate à aids

O Dia dos Namorados é mais uma data representativa da luta contra a aids no Brasil. O mote da campanha deste ano é “Dia dos Namorados sem grilo, só com camisinha”. Em Curitiba, para marcar a data, a Secretaria Municipal da Saúde faz uma mobilização hoje no saguão do Edifício Delta, na Avenida João Gualberto, 623, como forma de sensibilizar 1.200 funcionários que trabalham no prédio.

O evento no Edifício Delta vai das 9h às 12h30. Serão distribuídos preservativos e folhetos educativos, com informações sobre prevenção da saúde. “O Dia dos Namorados vem somar-se às campanhas tradicionais do Ministério da Saúde, lançadas todos os anos, como no Carnaval e em 1.º de dezembro, Dia Mundial da Luta contra a Aids”, diz a coordenadora da Comissão Municipal de DST/Aids, Mariana Thomaz.

Em todo o mundo, 42 milhões de adultos e crianças são portadores do vírus HIV, dos quais 1,5 milhão na América Latina. No Brasil, desde o início da epidemia, na década de 80, até final de 2002 foram notificados 237,6 mil casos de aids. Em Curitiba, de 1984 até o ano passado são 5.464 notificações.

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