Crise

MPF pede que HC faça estudo para que os 560 leitos funcionem

O Hospital de Clínicas de Curitiba (HC), que há tempos enfrenta problemas com a falta de funcionários e teve mais de 234 leitos fechados nos últimos 10 anos, deverá agora seguir recomendações do Ministério Público Federal (MPF) para que seus 560 leitos funcionem integralmente.

Nesta segunda-feira (2), o MPF no Paraná expediu uma recomendação ao reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel, para que o HC se adeque e solicite à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) a realização de estudos para saber o que é necessário para que os 560 leitos do hospital fiquem aptos para ser utilizados no atendimento aos pacientes. Este estudo deve dimensionar quais são os serviços humanos e recursos dos quais o HC tem carência. Caso o hospital não cumpra esta recomendação em até 48 horas, o próprio MPF solicitará este estudo à empresa Ebserh.

Situação problemática

O Hospital de Clínicas é maior prestador de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) do Paraná e tem enfrentado dificuldades ao longo dos anos. Somente em 2013, foram fechados 94 leitos no HC. A situação também é crítica com relação ao número de funcionários. Em 2003, o hospital tinha 3.470 colaboradores e, após 10 anos, o número passou a ser de 2.910, uma redução de 560 colaboradores, queda de aproximadamente 16% no quadro de funcionários.

A crise no HC está se agravando e reflete até no atendimento e no comportamento dos profissionais e pacientes. Uma reportagem publicada pelo Paraná Online no dia 25 de outubro deste ano ouviu uma residente do HC que confirmou que os médicos são obrigados a escolher quem será atendido e quem voltará para casa sem atendimento.

HC e a Ebserh

O diretor geral do HC, Flávio Daniel Saavedra Tomasich diz que o problema da falta de funcionários só será resolvido efetivamente com a realização de um concurso público. “A falta de funcionários vem desde a inauguração do hospital, em 1961, e com a diminuição do quadro de colaboradores perde-se a excelência no atendimento e na pesquisa”. Contudo, a realização de concurso público depende de autorização do MEC e a assessoria do Ministério informou que todos os concursos públicos para os hospitais universitários serão realizados pela Ebserh, criada pelo governo federal para atuar na gestão dos hospitais.

Porém, em agosto de 2011, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Paraná (UFPR) rejeitou a proposta de adesão do HC à Ebserh, sob a alegação de não querer perder a autonomia de gestão no hospital. Para Tomasich, o maior problema está na forma de gestão da Ebserh. “Eles (Ebserh) têm um modelo único de gestão e os hospitais federais têm características e necessidades específicas. Existem hospitais com 60 leitos, outros com 600 e não se pode administrá-los da mesma forma”.

A UFPR foi procurada pela reportagem do Paraná Online para falar sobre a recomendação do MPF, mas até o fechamanto desta matéria não houve contato por meio da universidade ou de seus representantes.