Manifestação contra pedágio bloqueia a BR-277

Um protesto contra o preço das tarifas dos pedágios nas estradas paranaenses fechou ontem uma das pistas da BR-277, em frente ao Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, antes do início da concessão da Ecovia. Organizados pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares, Casas Noturnas e Similares do Litoral Paranaense (Sindilitoral), os manifestantes estenderam faixas e distribuíram panfletos contra os pedágios por, aproximadamente, meia hora antes da chegada da Polícia Militar, que pediu que os protestantes distribuíssem os panfletos no sinaleiro da Rua Professor Lotário Meissner, liberando a pista.

Segundo os organizadores, o protesto também serviu para alertar à população sobre a criação de novas praças de pedágio que serão instaladas pelo governo federal na BR-116, no contorno leste antes da estrada da Graciosa, e outro na BR-376, que liga Curitiba a Florianópolis, na altura de Tijucas do Sul. Para Fábio Aguayo, superintendente do Sindilitoral, caso essas praças sejam abertas nesses locais, o litoral paranaense ficará ?refém do pedágio?. ?Não haverá rotas alternativas para quem quiser ir para a praia sem pagar pedágio?, afirma.

Outra reclamação dos manifestantes era que o último aumento da tarifa da Ecovia, de 15,30%, foi feito na véspera do Carnaval, no dia 4 de fevereiro. ?Fizeram isso sem consultar os sindicatos e associações que negociam os preços. E logo antes do feriado, para que as pessoas não se dessem conta?, reclama Aguayo. ?Isso serve de alerta para a comunidade da BR-116, que deve se organizar antes que o pedágio seja instalado. Depois não há maneira de negociar.?

Para o diretor-presidente do Sindilitoral, José Carlos Chicarelli, o protesto é para lembrar à população que essa não deve ser apenas uma luta do governador Roberto Requião, que combate as concessionárias no Estado. ?Já estamos preparando mais protestos. Queremos uma definição dessa situação rapidamente?, diz. Chicarelli acredita que as novas praças de pedágio deveriam ser instaladas após a entrada de Morretes, na BR-116, e depois da entrada da estrada de Garuva, no caso da BR-376, de maneira a deixar vias livres para o litoral. ?Além disso, o governo federal mudou a forma de licitação. Antes ganhava quem tivesse o menor preço da tarifa. Agora será quem tiver o menor preço por quilômetro.? O diretor afirmar que isso abre espaço para as concessionárias cobrarem o que bem entenderem como pedágio.

As licitações para essas novas praças acontecem em julho, com previsão de serem instaladas até dezembro desse ano. Também serão colocados dois pedágios na BR 476, que liga Curitiba a Porto Alegre. Um na entrada da PR 510, em Mandirituba, e outro na entrada da BR 427, em Lapa.

Tarifa diferenciada

Para o produtor de orquídeas Mauro Alves Ferreira, que precisa ir ao seu sítio e voltar com seu caminhão duas vezes por dia passando pelo pedágio na BR-277, falta flexibilidade da Ecovia na hora de negociar. ?Existe até um movimento para que seja cobrada uma tarifa diferenciada para os moradores da região que precisam passar pelo pedágio freqüentemente. Mas eles estão irredutíveis?, diz. Ele explica que não é contra o pedágio, mas que a tarifa deveria ser mais justa. Ele gasta R$ 33,60 por dia com as tarifas. Como trabalha inclusive nos fins de semana, Ferreira gasta mais de R$ 1 mil por mês com o pedágio. ?Podia estar empregando mais duas pessoas com esse dinheiro?, diz.

A assessoria de imprensa da Ecovia divulgou uma nota afirmando que o protesto foi fora da área de concessão, e por isso não vai se manifestar quanto às acusações dos manifestantes. 

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