Londrina produz mais entulho que lixo coletado

O entulho produzido diariamente pela construção civil em Londrina é, pelo menos, três vezes maior que o lixo coletado e depositado no aterro sanitário. Dados levantados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) indicam que os resíduos de construção e demolição em Londrina estão entre 900 e 1,3 mil toneladas/dia. A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina registra que a quantidade diária de lixo doméstico e hospitalar depositada no aterro sanitário é de 350 toneladas.

O assunto foi discutido ontem, em reunião realizada na sede da CMTU, pelo grupo formado para definir a política de coleta e destinação final do entulho produzido no município. Fazem parte do grupo a CMTU, Sinduscon, Secretaria Municipal do Ambiente (Sema), Associação dos Caçambeiros, Conselho Municipal do Ambiente e Sindicato dos Engenheiros de Londrina.

Segundo o engenheiro Sérgio Medeiros Albuquerque, que está assessorando tecnicamente o grupo, um dos materiais encontrados no entulho, o concreto, é atualmente o segundo produto mais consumido no mundo, perdendo apenas para a água. Além disso, sua fabricação implica em intervenções no meio ambiente, como a necessidade da retirada de areia do leito dos rios e a abertura de escavações para extração de pedra (brita). São fatores que justificam cautela nos levantamentos e na definição da futura política de coleta e destinação do entulho a ser aplicada em Londrina.

O grupo voltará a se reunir dentro de um mês, para um estudo mais aprofundado da resolução número 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Essa resolução, publicada em julho deste ano, indica a responsabilidade de quem produz sobre o destino a ser dado ao entulho. Nos próximos sessenta dias, o grupo conclui um levantamento sobre os principais focos irregulares de depósito do entulho recolhido por caçambeiros e carroceiros , além do número de pessoas envolvidas na atividade. Em Londrina, um dos temas em discussão é a reciclagem do entulho, com o setor empresarial assumindo a administração e operação da Central de Moagem, hoje desativada.

“Selo Verde”

Também está confirmado para os dias 21 e 22 de novembro, a realização de um seminário com o tema “Viabilidade da Preservação Ambiental na Indústria da Construção Civil”. Durante o seminário, de posse dos dados que estão sendo coletados, o grupo pretende definir locais para depósito de entulhos, chamados de Unidades de Recebimento de Resíduos de Construção e Demolição. Conforme as exigências atuais, esses locais terão de possuir licenciamento prévio dos órgãos ambientais. Também serão tratadas as formas de separação do entulho para as possibilidades de reciclagem.

Uma das medidas que o município pretende adotar é a implantação do chamado “Selo Verde”, exigido como condição principal para fornecimento de alvará de funcionamento para empresas que desejam atuar no recolhimento de entulhos. As caçambas, por exemplo, deverão ser padronizadas e uma campanha será lançada, esclarecendo a população sobre a não mistura do lixo comum ao entulho.

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