Falhas nas provas

Justiça suspende Enem provisoriamente

A juíza Carla de Almeida Miranda Maia, da 7.ª Vara Federal do Ceará, determinou, na tarde de ontem, a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo o Brasil. A decisão veio através de uma liminar movida pelo Ministério Público Federal (MPF), pedida pelo procurador da República Oscar Costa Filho.

De acordo com ele, a realização de uma avaliação substituta não resolveria o problema. “O fato do diretor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ter aventado realizar provas separadas para o mesmo concurso, apenas confirma o total desconhecimento dos princípios que informam os concursos públicos, entre os quais a igualdade”, afirma.

Em entrevista coletiva em Brasília, no final da tarde de ontem, o ministro da Educação, Fernando Haddad, informou que o governo vai tentar reverter a decisão da Justiça Federal.

“Estamos absolutamente seguros de que a prova do Enem é tecnicamente precisa. Tem total condição de manter a prova como ela foi aplicada, com as correções devidas. Vamos defender isso até a última instância”, disse.

Entre as 45 questões de Ciências Humanas e outras 45 de Ciências da Natureza, os alunos encontraram perguntas repetidas e questões faltando. Além disso, o cartão de respostas foi impresso na ordem contrária do caderno de provas.

A gráfica RR Donnelley, responsável pela impressão dos cadernos de provas, mandou carta ao presidente do Inep, Joaquim Soares Neto, informando que houve “um problema de processo, resultando na impressão de 33 mil cadernos de provas amarelas com um defeito de ordenação. Desse total, aproximadamente 21 mil cadernos foram efetivamente distribuídos”.

Ao todo, o Enem teve 4,6 milhões de inscrições neste ano. Porém, a abstenção foi de 27% no sábado e fechou o domingo em 29% – cerca de 3,3 milhões compareceram em 1.698 cidades do País. No ano passado, quando a prova vazou e foi adiada, a abstenção ficou próxima dos 40%.

Estudantes

Tratados como “apenas 21 mil”, os alunos que tiveram problemas nas provas estão preocupados. O estudante Wilson Gomes, aprovado no concurso para soldado da Polícia Militar, deixou de fazer a prova psicológica do processo seletivo para participar do Enem, e tem medo de ter feito uma má escolha. “Teve até briga em casa para escolher. Agora com o cancelamento parece que joguei as duas oportunidades fora”, desabafa.

A colega de cursinho dele, Maira Crocetti, tenta vestibular pelo terceiro ano e nunca tinha visto uma prova com tantos problemas. “Vi gente usando lápis e borracha que eram proibidos, e tocou até celular no meio da prova”, conta.

Para o diretor do curso Dom Bosco, Luiz Octavio Stocco, os alunos devem deixar que os órgãos públicos investiguem o problema, para que haja concentração no estudo para as próximas provas, como a do vestibular da Universidade Federal do Paraná, no final de semana.

“Não é hora dos alunos entrarem em polêmica”, ressalta. O presidente da comissão de vestibular da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Jair Ferreira de Almeida, declarou que a UTFPR irá aguardar o pronunciamento do MEC para decidir se haverá mudança no processo seletivo deste ano. A universidade utiliza integralmente a nota do Enem para selecionar os candidatos.

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