Destino incerto

Impasse impede solução para o lixo da Grande Curitiba

Brigas políticas e questionamentos judiciais impedem que seja encontrada uma solução definitiva para o destino das cerca de 2.400 toneladas de lixo produzidas diariamente em Curitiba e em 16 municípios da região metropolitana.

A prefeitura de Curitiba quer que a vida útil do aterro da Caximba – que recebe os resíduos atualmente – seja prolongada até dezembro do ano que vem. Já o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) não aceita esse aumento no prazo e quer que seja criada uma célula para a destinação do lixo em uma das três cidades já licenciadas para recebê-lo: Curitiba, Fazenda Rio Grande ou Mandirituba.

Aliadas às questões políticas, há ainda problemas judiciais. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) questiona a licitação do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos de Curitiba (Sipar) do Consórcio Intermunicipal do Lixo – o Sipar seria a nova tecnologia para tratamento do lixo proposto pelo consórcio, que envolve Curitiba e os outros municípios. O TCE informou ontem que ainda esta semana deve ter uma posição sobre o impasse.

E enquanto o resultado da análise do TCE não sai, e também enquanto prefeitura e IAP não se entendem, ainda há outro impasse a ser resolvido: o município de Mandirituba tem uma lei que impede o recebimento de resíduos.

E para piorar a situação, a votação na Câmara Municipal de Vereadores de Mandirituba, que poderia reverter essa lei, já foi adiada pelo menos cinco vezes em função de uma pancadaria no local na última tentativa. A população é contrária ao recebimento do lixo no município, enquanto o prefeito Antônio Machado e outros cinco vereadores são favoráveis.

O presidente do IAP, Vitor Burko, disse que não pode aceitar o aumento da vida útil da Caximba por questões ambientais. “Não concordo com a maneira que a prefeitura está administrando o aterro, então não posso endossar o aumento de prazo.

Há lixo industrial, pneu, computador e até cachorro morto na Caximba”, afirmou. Segundo ele, o IAP apresentou uma solução à prefeitura, que seria a nova célula. “Mas eles insistem em querer a prorrogação da vida útil. Então eles é que têm que resolver isso”, indignou-se. A reportagem de O Estado procurou a prefeitura de Curitiba, que deverá se manifestar somente hoje.

Mandirituba

Alguns vereadores da situação de Mandirituba que receberam doações em dinheiro para a campanha por parte do prefeito Machado são a favor do Sipar na cidade. Eles não apareceram na Câmara nas últimas sessões, alegando “falta de segurança” em função da última pancadaria no local.

Esses vereadores receberam, cada um, R$ 974,50 da empresa do prefeito, a Montema Montagem Eletromecânica Ltda, segundo a prestação de contas feitas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os valores foram destinados para a campanha.

A reportagem procurou os vereadores Giumar Fernandes (PDT), José Luiz de Oliveira (PCdoB) e Celso Luis Machado (PDT), mas eles não estavam na Câmara e não atenderam os chamados no celular. Já o vereador Valdir do Carmo Cruz (PDT) disse não se lembrar de ter recebido dinheiro da Montema durante a campanha.

O prefeito Machado confirmou as doações e atribuiu a relação entre o dinheiro e a posição dos vereadores à “politicagem barata e suja”. “Eu ganhei as eleições com as mãos limpas. Ajudei esses vereadores com um valor mínimo, o que não tem nada a ver com a posição deles”, afirmou.

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