Hospitais em alerta para evitar surtos de micobactéria

As infecções por micobactéria em procedimentos cirúrgicos ainda são motivo de preocupação no Brasil. Depois da epidemia registrada no ano passado no Rio de Janeiro e de diversos surtos verificados em outros estados, as instituições hospitalares passaram a ficar em estado de alerta e a tomar cuidados especiais. Embora ainda não seja realidade, o risco de o País passar por uma epidemia por micobactéria não foi descartado.

Segundo o presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Videocirurgia, Antônio Bispo Junior, que esta semana, em Curitiba, participa do Curso Internacional de Videoendoscopia em Cirurgia Plástica e Procedimentos Mínimos Invasivos (Vemi), a micobactéria é verificada principalmente em videocirurgias.

Estas, geralmente, utilizam materiais finos, longos e com ranhuras, onde resíduos de materiais orgânicos podem permanecer com maior facilidade. “A micobactéria é fruto de uma mutação. No passado, ela era eliminada através de esterilização com glutaraldeído. Entretanto, por motivos desconhecidos, deixou de ser sensível ao método e atualmente precisa ser eliminada através de métodos físicos. Entre estes estão a autoclave (que elimina a micobactéria através de altas temperatura e pressão), a utilização de peróxido de hidrogênio e de ácido peracético”, diz Bispo Junior.

Entre os pacientes infectados por micobactéria, alguns saem ilesos e têm o problema tratado como uma infecção qualquer. Outros geralmente necessitam, além de tratamento medicamentoso (seis meses de antibiótico contínuo), passar por um novo procedimento cirúrgico, que muitas vezes deixa seqüelas estéticas.

“No Brasil, existe apenas um caso de suspeita de morte relacionada à micobactéria. Este aconteceu no ano passado, no Paraná (em Curitiba), e está sob investigação.”

Em todo País, desde 2001, já foram notificados 2.032 casos: 1.937 já foram confirmados. No Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, foram 110 casos registrados até hoje, sendo 104 na capital e o restante em cidades do interior. Por aqui, 14 casos ainda estão sob investigação.