Escolas dão resposta ao público de 10 mil pessoas

Marcado pela diversidade e pelo desejo de consolidar a tradição tão questionada na cidade, o desfile das escolas de samba atraiu milhares de foliões, de crianças a idosos, que se concentraram na Avenida Cândido de Abreu no sábado à noite. Segundo a Prefeitura, cerca de dez mil foliões foram para a avenida.

Foi o melhor Carnaval de rua dos últimos dez anos. Pelo menos, é esta a avaliação do presidente da Comissão do Carnaval 2008, Cláudio Ribeiro. ?Esse é o melhor Carnaval de Curitiba da última década, com participação e animação do público, além da vontade das escolas em dar uma resposta à constante e cansativa pergunta se existe Carnaval em Curitiba?, avaliou.

O espetáculo teve início às 18h30, com a passagem dos blocos Dignidade (formado por integrantes da comunidade gay) e Rancho das Flores. Pouco depois das 19h50, entraram na avenida as escolas do grupo de ascensão, o grupo B, com Falcões Independentes, Leões da Mocidade, Unidos do Bairro Alto e Os Internautas.

Evangelização

Às 22h50 começou o desfile mais aguardado da noite, das escolas do grupo A. A primeira a se apresentar foi a Escola Jesus Bom a Beça, com objetivo singular entre as escolas: evangelizar na avenida. Com o tema ecologia, a Jesus Bom a Beça levou 300 pessoas para o desfile para mostrar as criações divinas e enfatizar a importância de Jesus no cotidiano das pessoas. ?Nosso objetivo é trazer a palavra de Deus para as pessoas do desfile?, comentou o comerciante Mário Sérgio Mascarenhas. Assim que a escola terminou sua apresentação, os integrantes ajoelharam e fizeram uma oração na avenida.

Realeza levanta a torcida

Fábio Alexandre
Luxo na fantasia e samba no pé.

Na arquibancada, a torcida se agitou com a entrada da Acadêmicos da Realeza, segunda escola a pisar na Cândido de Abreu, que levou 300 pessoas ao desfile, com o tema ?Realeza põe a mesa?. A costureira Neli Ochoski era uma das espectadoras mais animadas. ?Venho todo ano assistir ao desfile, desde quando minha filha ainda era bebê?, recorda. Hoje, a filha Marina Letícia, de 11 anos, é sua companheira fiel de folia, a cada Carnaval, além de outras nove pessoas da família.

Toda essa empolgação tem motivo especial: a mãe de Neli, Hermandina Teixeira, 72, estava entre os integrantes do desfile da Realeza. Dona Dina, como é conhecida, desfila há 20 anos, sem perder a alegria.

Paixão

Ritual que também é seguido por Helena Silva, 68, integrante da Realeza. A paixão pela festa foi despertada desde cedo. ?Quando era adolescente, fugia de casa para ir ao Carnaval. Cheguei a passar os três dias seguidos do feriado fora de casa. Aqui no Carnaval de rua, desfilo há dez anos?, relembra, enquanto planeja desfilar no Carnaval de Antonina no próximo ano.

Comemoração da tradição de 60 anos

Comemoração particular marcou o Carnaval deste ano para a última escola do grupo A a entrar na avenida, a Embaixadores da Alegria. A atual campeã do Carnaval de Curitiba completa neste ano 60 anos e mostrou a sua tradição. A celebração pelas seis décadas de existência e o ?Jubileu de Diamante? foram os temas escolhidos para o desfile, que reuniu 450 pessoas. Para Saul D?Ávila, da diretoria da Embaixadores, esse Carnaval consagrou a vontade das escolas em fazer acontecer, ?mesmo sem praticamente nenhum apoio público?. O mestre-sala Antônio Carlos de Góes lembra com carinho a metade da existência da escola que vivenciou: ele desfila há 31 anos. ?Vi gerações passando pela escola?, conta, emocionado.

O Carnaval de rua terminou perto das 2h30 da madrugada de ontem com o desfile da Unidos de Pinhais, do grupo B.

Apuração adiada para hoje

Mara Andrich

A apuração do Carnaval de rua está marcada para hoje, às 16h. Tradicionalmente, a apuração ocorre sempre no domingo de Carnaval, mas neste ano teve que ser adiada por falta de local, que não foi definido, mas deve ser divulgado pela manhã.

O responsável pela apuração e divulgação dos resultados, Olinto Simão, explicou que teve dificuldades em encontrar espaço. No ano passado, a apuração aconteceu em salões cedidos pelo Grupo Dignidade. ?Mas o salão deles é pequeno, não deu para nós fazermos novamente lá. Preciso de local com capacidade mínima de 20 pessoas?, comentou.

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