A orientação pelo isolamento social para controlar a disseminação do coronavírus mudou a rotina dos curitibanos. Muitos, que frequentemente almoçavam fora de casa, por exemplo, passaram a cozinhar em casa. Além disso, a clientela sumiu do comércio em geral. E para evitar que pequenas empresas fechassem as portas, o governo do Paraná lançou um pacote de R$ 1 bilhão para socorrer empreendedores e profissionais autônomos durante a crise do coronavírus. Porém, do total de 21 mil pedidos, apenas 2 mil conseguiram a liberação do crédito.

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No fim do mês de março, a Fomento Paraná – instituição financeira do estado – anunciou que iria disponibilizar cerca de R$ 464 milhões pelo programa Paraná Recupera, que foi adaptado para fortalecer a economia das empresas durante o período de coronavírus. Em aproximadamente 20 dias, o governo recebeu 21,7 mil pedidos de crédito, volume quatro vezes maior do que os 5.640 contratos firmados em todo o ano passado para informais e micro, pequena e média empresas. 

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Apesar do alto número de pedidos registrados, apenas 2 mil receberam a aprovação do auxílio. Eduardo Vivacqua, que trabalha no ramo de restaurantes há 14 anos, foi um dos empresários que tiveram o pedido negado. O empresário, que administra a pizzaria Mercearia Bresser, no bairro Cabral, afirma que não conseguiu o empréstimo porque não tinha garantias reais para linha de crédito que solicitou.

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Para Vivacqua, o empréstimo seria imprescindível para manter o negócio durante a crise. “É muito importante porque o pequeno e o médio empresário não tem fluxo de caixa para mais do que 15 dias. Não tem como honrar nem mesmo com os salários”, desabafa.

Foto: Facebook / divulgação.

Apesar da crise, o empresário ainda não recorreu a demissões. “Eu suspendi todos os contratos de trabalho com base na MP 936”, explica. A medida provisória criada durante a crise do coronavírus permite os empregadores suspender contratos de trabalho por até 90 dias. Durante este período, o funcionário recebe o valor do seguro desemprego, de R$ 1.813 durante três meses, e não pode ser demitido.

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Sem movimento no salão, a pizzaria de Vivacqua tem apostado no delivery, que já funcionava bem antes da crise. “Por sorte vai indo muito bem. Ele representava 30% do faturamento antes e agora estamos com 45%”, comemora.

Délio Canabrava, proprietário do restaurante Cantina do Délio, da confeitaria Banoffi e do bar Cana Benta, tenta entrar com o pedido de crédito do programa Paraná Recupera e também concorda que a burocracia é grande. “Devido a burocracia, ainda não saiu, mas acredito que ainda vá ser liberado. Esse valor para mim é fundamental porque a gente vinha numa retomada do crescimento e a gente não estava capitalizado. Fomos pegos de surpresa”, comenta o empresário.

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Para ele, por mais que ainda tenham outras ajudas do governo, o empréstimo da Fomento Paraná vai ser necessário para continuar honrando compromissos com fornecedores e aluguel. Por enquanto, Canabrava tem aderido a suspensão de funcionários pela MP 936. Para pedidos delivery e entregas no balcão, o empresário conta com a ajuda de poucos funcionários e família.

Débitos com o governo estadual

De acordo com o diretor de operações do Setor Privado Paraná, Everton Ribeiro, uma parcela significativa dos empreendedores que fizeram a solicitação das linhas de crédito não vão ser contemplados inicialmente. Isso porque muitas dessas empresas têm pendências antigas no Cadastro Informativo Estadual – CADIN, ou seja, débitos com tributos estaduais como ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) e IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores).

Esses empreendedores, segundo Ribeiro, serão avisados e orientados a regularizar suas pendências e cadastrar uma nova análise. “Houve uma flexibilização e uma simplificação na análise das propostas de crédito, mais ainda precisamos observar as restrições e perdas antigas registradas pelos mutuários [empreendedores que que solicitaram crédito], para então poder aprovar as operações, explica ele.


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