Diretoria da Comec rebate denúncia

O presidente da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Alcidino Bittencourt Pereira, e o diretor de Transporte Metropolitano, Julio Viana, negaram ontem as acusações de que haveria fraude na licitação para criação de uma nova linha de transporte intermunicipal. Segundo a denúncia, feita pelo prefeito de uma das cidades da Região Metropolitana, Viana favoreceria empresas a obter o direito de operação.

Segundo os dirigentes, a afirmação – que teria levado o governador Roberto Requião a pedir urgência no lançamentos dos editais de licitação do transporte urbano por parte da Comec – é falsa, uma vez que apenas as obras estão sendo licitadas. A concorrência para operar as linhas, atesta a Comec, ainda está em fase de estudos. ?Júlio é de toda confiança minha e do Forte Netto (secretário estadual do Desenvolvimento Urbano?, disse Alcidino Bittencourt. ?Essa denúncia, se aconteceu, não foi em público; sequer consta nas atas da reunião.? Para Júlio Viana, acusado pelo referido prefeito de ter intenções em favorecer as empresas do grupo Gulin, detentoras de mais da metade da frota de ônibus urbano da região, a afirmação não passou de uma ?fofoca insidiosa?. Ao que complementou Alcidino: ?O que é comum em pré-campanha eleitoral?. Segundo o diretor da Comec, seria impossível licitar linhas do Programa Integrado de Transporte de Passageiros (PIT) quando as licitações que existem ainda são referentes às obras de implantação do mesmo, em fase de andamento. ?Não há mínima hipótese de que o que fui acusado aconteça, porque não existe uma nova linha e, caso existisse, teria de ser de acordo com licitação; e nem tenho poder para isso, porque esse poder foi delegado pelo Estado à Urbs?, defendeu-se.

Inclinações

Foto: Evandro Monteiro/O Estado
Júlio: afirmação não passou de fofoca insidiosa.

Julio Viana nega que o parentesco com o ex-deputado estadual e fundador do Grupo Gulin, Alfredo Gulin, tenha algo a ver com sua conduta profissional. ?Não existe a mínima hipótese que alguém apure um deslize sobre minha pessoa por esse motivo. Tenho orgulho de ser genro de Alfredo Gulin, mas isso não tem absolutamente nada a ver com minha vida profissional?, diz. O diretor da Comec afirma que, mais que a ligação familiar com os Gulin, tem um vasto currículo para ocupar a função de assessor da presidência da Comec na elaboração dos editais de licitação. ?Fui executivo de quatro empresas de transporte coletivo, consultor do sindicato, consultor em transporte coletivo no Brasil e no exterior e elaborei propostas vencedoras de licitação. Em função disso fui convidado a fazer o que estou fazendo?, enfatizou, negando que tenha sido indicado ao cargo pelo atual presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Curitiba e RMC, Rodrigo Hoezlz – quem admite conhecer desde pequeno, mas sem manter qualquer ligação.

Entre as empresas de transporte para as quais Viana já trabalhou estão as do Grupo Gulin, onde afirma ter atuado até 1999. O cargo de diretor na Comec ocupa há um mês. Ele não imagina quem tenha feito a afirmação de que estaria envolvido em fraudes de licitação e nem o porquê, mas convida o autor a explicá-la.

Licitação

O presidente da Comec admite que o governador Requião pediu pressa na elaboração dos editais, porém, antes da última reunião da Operação Mãos Limpas, esta semana – quando teria surgido a denúncia. Segundo ele, há preocupação por parte do poder público para que o processo aconteça o quanto antes. Tal apreensão estaria relacionada, entre outros motivos, ao que a Comec enfrentou no ano passado – quando a Polícia Civil apurou fraudes a licitações de obras do eixo metropolitano, na Operação Grande Empreitada. O funcionário Lucas Adada foi preso, acusado de favorecer empreiteiras atendendo aos interesses da Associação Paranaense de Obras Públicas (Apeop).

De acordo com Bittencourt, é prematuro falar em licitação das linhas que vão operar o PIT porque a fase ainda é de estudos – e, por isso, Urbs e Comec têm fugido tanto do assunto. ?A licitação é assunto complexo, que está há décadas na ordem do dia. Simultaneamente, tem-se de discutir um plano para o transporte da Região Metropolitana e como fica a questão da tarifa. Cresce a pressão por mais integração e, com isso, aumenta a tarifa?, explica.

Nos estudos para lançamento dos editais, atesta, estudam questões como um novo modelo para o transporte coletivo e quais as melhorias necessárias; o critério de remuneração das empresas, uma vez que o atual modelo, por quilômetro rodado, é questionado; a possibilidade de se fazer anéis tarifários, com valores diferenciados; e tarifação diferenciada nos horários de pico, além das gratuidades. Outras questões colocadas em pauta são a desoneração fiscal e a transparência no andamento do processo. 

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