Operação Angustifolia

Desmatadores multados em R$ 4,14 mi no Paraná

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica divulgaram ontem o balanço da primeira semana de ações da Operação Angustifolia.

Foram lavrados 133 autos de infração, que somam mais de R$ 4,14 milhões em multas aplicadas contra empresas, pessoas físicas e estabelecimentos ligados ao setor madeireiro.

A operação, que centraliza os trabalhos na região centro-sul do Estado, envolve 60 equipes com 80 policias federais, 80 fiscais do Ibama vindos de seis estados, além de 63 servidores do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e do Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde, da Polícia Militar (PM).

De acordo com o Ibama, na região de mais de 1 milhão de hectares a serem fiscalizados, já foram embargados 165 hectares de área desmatada de forma ilegal.

As equipes apreenderam 35 caminhões de madeira serrada, 20 caminhões de araucária e 24 caminhões de imbuia que estavam sendo transportados para a venda com nota fiscal referente ao transporte de pinus (árvore exótica que tem o corte permitido com autorização).

Também foram apreendidos 246,98 metros cúbicos de araucária. Os trabalhos resultaram na prisão de três pessoas, apenas uma delas foi referente a crime ambiental.

Até a última sexta-feira já foram fiscalizados 89 dos 145 pontos originais determinados no início da ação, em 15 municípios onde as equipes consideram haver a possibilidade de infração.

Durante os trabalhos, as equipes localizaram mais 40 pontos que não estariam no planejamento inicial de abordagem. A operação também resultou na apreensão de uma serraria móvel no município de Calmon, em Santa Catarina. No mesmo local, foram apreendidos um trator e um automóvel, que estariam sendo usados para a extração clandestina de madeira na região.

De acordo com o superintendente do Ibama no Paraná, José Alvaro Carneiro, a operação está direcionando o foco para os articuladores da cadeia ilegal de exploração de madeira.

“Essa operação vai atrás dos peixes grandes”, afirma. Carneiro ressaltou que a operação pode resultar na autuação de um político que seria proprietário de uma empresa que vem se beneficiando de matéria oriunda dos desmatamentos ilegais. “Um dos maiores autuados é o prefeito do município de General Carneiro, Ivanor Dacheri, que é reincidente em multas por crimes de desmatamento no Paraná”, afirma Carneiro.

Dacheri questionou as informações repassadas por Carneiro. O prefeito, que faz críticas à atuação da PF durante a operação, conta que já teria solicitado uma medida cautelar para que os fatos apontados por Carneiro sejam apurados.

“Não somos contra a fiscalização. Mas esse trabalho é um verdadeiro caça-bandido. A abordagem deveria ser feita com orientação e não com repressão”, disse.

Alternativas de proteção

Cintia Végas

Como parte da programação de abertura da Semana do Meio Ambiente 2009, foi promovida ontem, na Assembléia Legislativa do Paraná, em Curitiba, uma audiência pública para debater alternativas de proteção às florestas de araucária no Paraná.

Atualmente, segundo o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, existem poucas florestas primárias. Porém, segundo ele, “ainda é possível encontrar florestas secundárias em boas condições de conservação”. “Estamos trabalhando com a UFPR e, em 90 dias, vamos ter um mapa com todos os remanescentes florestais”, disse.

Na opinião do deputado Elton Welt,er, autor de um projeto que prevê remuneração aos produtores rurais que se adequarem dentro da lei ambiental, as leis que visam proteger as araucárias são rígidas. “O rigor da lei não tem auxiliado na proteção. Por isso, temos que buscar políticas públicas”, afirmou.