Curitiba 319 anos: Assistente social pede mais diálogo

Nascida no Recife, a assistente social Adriana Matias mora em Curitiba há mais de 20 anos. Aqui formou família, se graduou e hoje trabalha na Pontíficia Universidade Católica do Paraná com projetos sociais na Vila Torres.

“Eu gosto de lidar com gente, estar com as pessoas. É disso que eu gosto, sabe?”, revela. Envolvida com as principais causas sociais da capital, Adriana conhece a fundo o que se passa com as pessoas mais necessitadas da cidade e a pedido da reportagem da Tribuna, fez algumas sugestões para questão social de Curitiba.

Adriana afirma que o excesso de ações assistencialistas pode prejudicar o futuro das pessoas que necessitam de auxílio. Para ela, é preciso adotar medidas de médio a longo prazo, que garanta a recuperação dos indivíduos.

“As medidas assistencialistas têm que existirem. Elas são primordiais para uma cidade do porte de Curitiba. O que eu sinto falta é de ações que vão além de uma cama pra dormir ou um prato de comida. É preciso agir pensando no futuro dessas pessoas”, conta.

Outro ponto levantado por Adriana se deve à capacidade de atendimento dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que, segundo ela, podem receber um maior número de crianças.

“Acredito que os Cras funcionam, mas podiam atender mais crianças. Em muitos deles faltam vagas e é preciso que se faça alguma coisa para aumentar a capacidade desses centros. Existem centenas de crianças que não têm acesso aos Cras”, revela.

Diálogo

Para a assistente social, falta diálogo entre a prefeitura de Curitiba e as associações de moradores e organizações sociais da capital.

“Eu noto que algumas associações têm mais diálogo que outras e assim fica difícil reivindicar qualquer coisa quando você tem acesso restrito. Então é preciso rever essa situação e escutar a cidade inteira, principalmente os bairros mais afastados”.

Cursos

De acordo com Adriana, os cursos profissionalizantes oferecidos pelos Cras e Liceus de Ofício são sempre os mesmos e ela acredita que poderiam ser ofertadas opções diferentes dentro das instituições da prefeitura.

“Acho ótimo os jovens terem uma opção pela frente, mas podiam oferecer cursos diferentes. Nem sempre um jovem quer ser um mecânico, ou uma adolescente quer se tornar costureira ou cabeleira. É preciso estar mais juntos dessa gente pra ver o que eles realmente querem pro futuro e não dar apenas algumas opções”, argumenta.

Para FAS, tudo em ordem

A Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) respondeu às sugestões apontadas por meio de nota.

Sobre a questão das ações assistencialistas, apontadas pela Adriana, a FAS afirma que, “como o órgão responsável pela gestão plena da Política de Assistência Social de Curitiba, realiza a vigilância socioassistencial e identifica as famílias com prioridade de intervenção, com base no Índice de Vulnerabilidade Social das Famílias – IVSF”.

Ainda segundo a nota, “a atuação é realizada em alinhamento com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e com o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, com serviços organizados em dois níveis de proteção social: básica e especial”.

Em relação ao aumento da capacidade de atendimento dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), a FAS só se limitou a responder que “Curitiba possui 45 CRAS e 08 Unidades de atendimento, sendo que dos 31 CRAS nota 10 do Brasil, 15 são de Curitiba, conforme Censo CRAS -2010, divulgado resultado em 2011”.

Associa&cc,edil;ões

A assistente social sugeriu que a prefeitura se aproximasse mais das associações de moradores e organizações sociais. Sobre isso, a FAS afirma que “realiza assessoramento técnico às organizações comunitárias, como associações de moradores, clube de mães, grêmios culturais e esportivos, conselhos de segurança, associações comerciais, organizações religiosas de caráter assistencial e entidades sociais, quanto à constituição, obrigações fiscais, organização documental e inscrições nos Conselhos Municipais.”

Profissões

Sobre a oferta de cursos nos Cras e nos Liceus de ofício, o órgão respondeu que “nos Centros de Qualificação Profissional Liceus de Ofícios são ofertados 164 tipos de cursos, elaborados e remodelados, decorrentes de análises de mercado com carga horária variando entre 20 e 160 horas, distribuídos em 15 áreas de atuação”.

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