Cosmo completa dez anos de ação voluntária

A paixão pela natureza, aliado ao desejo de auxiliar os freqüentadores de uma das mais importantes unidades de conservação do Paraná – o Parque Estadual Pico do Marumbi -, fez com que um grupo de montanhistas criasse um trabalho voluntário que acabou se tornando referência no Brasil. O Cosmo – Corpo de Socorro em Montanha – presta serviço de prevenção de acidentes, resgate de acidentados, busca de pessoas perdidas, manutenção e conservação de trilhas e vias de escalada. A experiência e preparo dos integrantes é tanta que militares e civis que atuam no resgate e salvamento em montanha passam por cursos promovidos pelo Cosmo que, neste ano, está completando dez anos de atividade.

Dos vinte integrantes que iniciaram no grupo em 1996, metade continua atuando no Cosmo, que hoje conta com 33 voluntários se revezando em plantões durante os finais de semana em uma unidade fixa instalada no Marumbi. O engenheiro mecânico Irivan Burda conta que todo o trabalho do Cosmo começou de um sonho dos montanhistas de criar uma estrutura para ajudar na manutenção do local e auxiliar os visitantes. Com a criação do Parque Estadual Pico do Marumbi, em 1990, surgiu a necessidade da criação de um plano de manejo, e, conseqüentemente, de um grupo de resgate e busca. Surgiu então a oportunidade que os montanhistas esperavam.

A partir da sua criação, o Cosmo não parou mais. O empresário da área de design Nelson Pudles diz que é impossível calcular o número de resgates e salvamentos realizados pelo Cosmo, apesar de existirem algum casos que eles lembram. "O primeiro resgate foi em 96, quando dois meninos ficaram perdidos por quatro dias dentro do parque. Nós conseguimos encontrá-los com vida, e mais tarde um deles chegou a fazer um curso de salvamento com o Cosmo", contou. Outro caso foi de um soldado da aeronáutica, que resolveu sair das trilhas e acabou sofrendo uma queda de 60 metros. Ele foi encontrado morto após uma semana.

Modismo

O Parque Estadual do Pico do Marumbi é formado por nove montanhas, distribuídas em uma área de 2.342 hectares, sendo administrado pelo governo do Estado através do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O local está entre os quatro pontos mais visitados do Estado – ficando atrás dos parques nacionais de Ilha Grande e Iguaçu, e Ilha do Mel. Ele é tido como referência para os praticantes de escalada no Brasil.

E isso tem resultado em um aumento no número de buscas e salvamentos. Segundo a historiadora e professora Alessandra de Carvalho, a grande maioria dos salvamentos feitos dentro do parque são de pessoas sem experiência que acabam se perdendo nas picadas ou têm dificuldades de retornar por não possuírem equipamentos básicos como lanterna, ou estarem sem preparo físico. "As pessoas não buscam referência dos mais experientes, e acabam transformando o lazer em um problema", comentou.

Precaução para previnir acidentes

Com a divulgação e exploração de esportes de aventura e a busca por emoções sem esforço, muitas pessoas acabam tendo problemas por não procurar orientações corretas. Segundo Irivan Burda, a tendência é que os problemas no parque aumentem na medida que atividades como rapel e escalada acabem sendo encaradas como modismo e esporte, e não uma técnica. Por isso que o Cosmo está participando das discussões promovidas pelo Ministério do Turismo, que está editando uma norma técnica que vai regular o setor que pretende atuar com esportes de aventura. "Quem se propor a fazer esse trabalho tem que seguir a normatização que está sendo criada", comentou.

Único

O Cosmo foi o primeiro grupo de resgate e salvamento criado no Brasil, sendo o único que continua atuando. O grupo se reúne a cada quinze dias, e durante quatro vezes no ano buscam participar de treinamentos. Entre os voluntários que integram o Cosmo estão médicos socorristas, geólogo, administradores, analistas de sistemas, bacharéis em direito e instrutores de escalada. Mais informações: www.cosmo.org.br. (RO)

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