Comunidade recebe casa nova, mas fica sem escola

Quem se mudou recentemente para as Moradias Boa Esperança III, no Tatuquara, está preocupado sobre as matrículas dos filhos nas escolas da região. De acordo com os moradores, não há mais vagas para creche ou na escola estadual mais próxima do conjunto habitacional. Muitas crianças e adolescentes ainda não foram matriculadas para o ano letivo de 2013 diante disto. Os pais que aceitaram as opções mais longe de casa agora estão preocupados e não sabem como os filhos vão estudar.

Daniele Vieira da Silva possui dois filhos, que foram matriculados para este ano no colégio onde já estudavam, no Jardim da Ordem. A família saiu da região, onde morava em uma área de risco, e foi relocada para uma casa nas Moradias Boa Esperança III. “Queremos que seja providenciado um ônibus para o transporte escolar. Eles vão ter que estudar longe. Não dá para ir a pé todo dia, ainda mais com um sol desses ou em dia de chuva. É um risco. As aulas estão chegando e a situação vai ficar como? Eu não tenho dinheiro para pagar passagem todos os dias para eles”, comenta.

Os netos de Júlia Lima estão ainda sem escola pelo mesmo problema. “Um deles estuda à noite e a gente não sabe ainda o que vai fazer”, declara. Evelle Fernanda Antunes conta que ainda fez a matrícula dela porque não há vagas em escola estadual perto de casa. “Não tem vaga nem no Rio Bonito e nem no Jardim da Ordem. Não tem vaga. Eles querem me mandar para a CIC ou para o Pinheirinho. Acabei não fazendo a matrícula até agora”, relata a estudante. Marislei Pedroso conseguiu matricular os filhos mais velhos na escola. “Mas agora estou sem vaga na creche para a minha filha menor. A gente morava em área de risco, na invasão, na beira da valeta. Mas a gente tinha vaga”, revela.

Canos entupidos e rachaduras

Os moradores do Boa Esperança III continuam enfrentando problemas nas casas. A situação foi mostrada pela Tribuna no dia 07 de dezembro do ano passado. Eles se mudaram há menos de dois meses para o local e encontram canos entupidos ou com vazamentos e rachaduras, entre outros. Na semana passada, em uma chuva forte, a água invadiu a casa de Maria da Soledade Vieira da Silva. Uma camada de 20 centímetros de barro ficou dentro da residência. Além disso, ela descobriu um vazamento. “Tem um vazamento em um dos canos. E ninguém faz nada”, disse. A moradora Maria Francisca Cardoso relatou a presença de goteiras na casa dela.

Alguns moradores optaram por fazer os reparos porque não conseguem um atendimento eficiente. “A gente liga na Caixa (Econômica Federal) e não dá nada. O pessoal da Cohab vem aqui, tira foto e vai embora. Deixaram um papel com telefones de contato para a gente, mas a impressão que temos é de que um empurra para o outro”, analisa Marislei Pedroso. Ela teve problemas na escada da casa dela e acionou a assistência. “O pessoal veio e passou uma massa seca em cima e só. Vinte dias depois, está tudo caindo. A escada balança demais”, indica. Além disto, os moradores estão verificando que vândalos estão retirando peças das casas que já ficaram prontas mas que ainda não foram ocupadas. Um guarda faria a ronda durante o dia, mas não há proteção no período noturno.

Promessa de solução a caminho

A CEF informou, através de sua assessoria de imprensa, que está verificando e apurando a situação das unidades para ver se os problemas indicados são de sua responsabilidade e assim tomar as devidas providências.

A Cohab, por seu lado informou que para tentar sanar os problemas  enfrentados por falta de vagas em escolas e creches foi feita uma estimativa de demanda, com base no cadastro das famílias assentadas, para as secretarias de Educação do estado e município. A Cohab avaliou também que até quarta série do ensino fundamenta há v,aga. Esté sendo verificada com a secretaria estadual de educação vagas para crianças de quinta a oitava série.

A solução encontrada no ano passado, no reassentamento no Boa Esperança II, foi ofertado auxílio no transporte para a crianças chegarem a escola. “Este ano como as famílias mudaram em dezembro e o ano letivo não começou, a solução está sendo encaminhada”, explicou a assessoria.

Com relação à creche, existem 3 creches na região e há déficit de vagas. As famílias tem que entrar na fila de espera. Está prevista a construção de uma nova creche na região, mas ainda sem data prevista pela prefeitura.

Gerson Klaina
Marislei: sem creche para a caçula.
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