Desrespeito

Cemitério em Piraquara é tomado pelos vândalos

A ação de vândalos e a falta de cuidado das autoridades competentes estão transformando o Cemitério do Guarituba, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em um território sem lei. Enquanto os desocupados pulam o baixo muro para promover quebra-quebra, pichação e chegar ao cúmulo de violar as sepulturas, a prefeitura municipal, segundo os moradores, pouco faz para melhorar a situação.

Não é preciso adentrar muito no cemitério para constatar o abandono e o vandalismo. Logo na entrada, uma guarita sem portas e pichada já denuncia que o local não recebe melhorias há algum tempo. Andando um pouco mais pelo espaço, é comum ver túmulos sem a tampa, ossos espalhados pelo chão, jazigos com vidros quebrados, fezes de cachorros, banheiro sem as mínimas condições de uso e, mais ao fundo, restos de caixões. Isso sem contar o mau cheiro em alguns pontos do cemitério.

O autor da denúncia, André Medina, está indignado com a situação. Ele conta que o túmulo de sua mãe, que morreu no dia 14 de julho, já teve a tampa retirada por três vezes. “É lamentável para um filho ou qualquer outra pessoa encontrar a sepultura de um parente nestas condições. Nem na morte temos o descanso. Ainda não sei se alguém chegou a mexer no corpo dela, mas assim que passar o prazo legal eu vou retirar os restos mortais dela e sepultar em outro lugar. Aqui ela não vai mais ficar”, afirma. Medina chegou a cogitar a colocar uma placa na lápide de sua mãe, mas acabou desistindo da ideia. “Colocar algo de valor aqui é pedir para ser roubado. Você pode ver que a maioria dos túmulos aqui não tem placas. Fui orientado para não colocar nada que pudesse chamar a atenção, pois seria um dinheiro jogado fora”, revela.

A dona de casa Simone Fontes, que tem um amigo enterrado no cemitério, lamenta todo este abandono. “Não teria coragem de sepultar algum parente aqui. É um caos completo este cemitério. O banheiro não tem como usar, nem mesmo dá para lavar as mãos, pois não há torneiras. É uma pena que este lugar tenha que conviver com a sujeira e com a violência”, opina.

O secretário municipal do Meio Ambiente, Agricultura e Turismo, Gilmar Clavisso, admite que há esse problema com o ataque de vândalos, porém ele discorda quanto o abandono do local. “Temos um pessoal de operação que vai até os cemitérios de Piraquara a cada dois dias para fazer a limpeza e manutenção. O problema é que o Cemitério do Guarituba fica em um lugar isolado, que facilita o ataque destas pessoas. O banheiro já foi arrumado outras vezes, mas eles sempre voltam para quebrá-lo”, conta. Clavisso diz ainda que um vigia deve ser contratado para ficar ali das 8h às 17h e que a guarita deve ser derrubada. “Estamos com dificuldade de achar gente que queira trabalhar ali. Ainda não teremos condições de colocar alguém à noite, uma vez que trata-se de uma região um tanto quanto difícil. A atual guarita deve ser derrubada e deveremos montar um lugar onde o vigia possa se proteger”, informa.