Câmeras vigiam todos os passos dos curitibanos

Câmeras por todos os lados em Curitiba. Em bancos, lojas, elevadores, prédios, garagens, hotéis, shoppings, postos de gasolina, residências, nas ruas. Mesmo que não se perceba, a vigilância é constante. Tudo para evitar assaltos, roubos, furtos e conseqüentes prejuízos com os crimes.

O gerente do Estacionamento 21 (na Praça Osório), Humberto Grande, explica que tinha duas câmeras de monitoramento até dois meses atrás. Uma no caixa e outra com uma visão geral do pátio onde ficam os carros. “Mas ainda existiam alguns pontos cegos”, conta. Depois do furto de um veículo, agora o local está vigiado por seis câmeras.

Em uma ação ousada, uma pessoa entrou com um Ômega e falou para o manobrista que achou caro o preço do estacionamento, prometendo dar a volta no pátio para sair. Mas resolveu parar o carro. O motorista pegou o tíquete e informou que iria pegar a namorada em uma faculdade ali perto, garantindo que ficaria por pouco tempo. Depois que ele saiu, o movimento no estacionamento passou a ficar intenso, justamente com a saída dos estudantes. Foi quando uma pessoa entrou em um Golf estacionado e saiu em disparada. “Coincidentemente, a rua estava sem congestionamento e o sinal aberto”, lembra o gerente.

A polícia foi acionada e, graças às gravações das câmeras, foi possível identificar o que realmente havia acontecido. Um homem escondido no porta-malas do Ômega foi quem furtou o carro. “As imagens são armazenadas no meu computador. Antes de ir para a delegacia, eu gravei em um CD e entreguei para a delegada”, comenta Grande. “Desde 1980, quando o estacionamento foi inaugurado, não havia acontecido algo assim”.

Batidas

As câmeras no estabelecimento também servem para verificar algumas ocorrências dentro do pátio, como batidas dos carros. O gerente acredita que os equipamentos trazem mais tranqüilidade: “Se a pessoa quiser roubar, ela vai. Mas pensa antes de fazer ao saber que tem câmeras. Os custos compensam pela tranqüilidade, e não apenas pelo prejuízo que se pode ter”.

Crimes violentos caíram 85% na Rua XV

A vigilância acompanha a população até mesmo nas ruas, em um simples passeio pelo centro, por exemplo. Na Rua XV de Novembro, há quatro anos foram instaladas 14 câmeras, desde a Praça Santos Andrade até a Praça Osório, que monitoram toda a movimentação de pessoas na região. Em uma central, um policial militar observa as imagens e aciona as viaturas por rádio e telefone diante de algum tipo de ocorrência. “Aconteciam muitos assaltos, furtos e roubos na Rua XV, o que ocasionou a mobilização da população e comerciantes. Depois da instalação das câmeras, houve redução de 85% dos crimes violentos”, diz o comandante da central de monitoramento, tenente Sérgio Plácido. De acordo com ele, ainda acontecem furtos rápidos no local, mas eles são prontamente atendidos após a visualização das imagens. As câmeras conseguem abranger todos os ângulos e alcançam até 150 metros com nitidez.

Para o tenente, qualquer tipo de câmera, em qualquer lugar, ajuda a intimidar os criminosos. “Se já têm alguma experiência, eles não chegam logo na primeira vez para assaltar. Os criminosos entram, verificam se existem câmeras ou outros métodos de segurança e se podem ser identificados”, esclarece. O sistema permitiu a redução de efetivo na Rua XV, tornando o policiamento inteligente, segundo Plácido. Antes era preciso colocar até 50 policiais na mesma extensão.

Ele porém admite que os ladrões migraram para outros locais próximos. “Eles tendem a encontrar lugares onde possam atuar com facilidade”, explica. “Nós procuramos cobrir a área com viaturas. Os policiais que ficavam na Rua XV foram distribuídos nas ruas adjacentes”.

O policial diz que a Prefeitura Municipal de Curitiba, parceira no projeto, está fazendo estudos para a colocação do sistema em outros locais com riscos e de grande movimentação de pessoas. Existe também a intenção de melhorar o monitoramento atual com equipamentos mais avançados. “Com a adoção de ligações das câmeras com a central por microondas, será possível deslocá-las para outros locais críticos. Hoje a ligação é feita por cabos de fibra ótica, em cada um dos equipamentos. Um caminhão mais pesado na rua pode arrebentá-los, prejudicando nosso trabalho”, observa Plácido. As imagens captadas pela central são utilizadas em todo o julgamento do criminoso. (JC)

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