Depois de uma sequência de quedas, o número de paranaenses endividados subiu em julho, alcançando 85,8% das famílias – aumento de 1,1 ponto percentual em relação a junho, quando o índice era de 84,7%. Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela CNC e Fecomércio PR. Apesar da alta, o percentual ainda é bem menor que os 90,5% registrados no mesmo período do ano passado.
A inadimplência também apresentou leve crescimento, indo de 11,7% para 12%. Já o número de famílias que declararam não conseguir pagar suas contas permaneceu estável em 2,1%.
No Brasil como um todo, o cenário é um pouco diferente. O percentual de famílias endividadas se manteve em 78,5% em julho, mas a inadimplência aumentou de 29,5% para 30%. Também cresceu a parcela de famílias sem condições de quitar seus compromissos financeiros: de 12,5% para 12,7%.
Mesmo com o aumento no número de endividados, especialistas consideram o panorama favorável para o comércio. Após um período de retração nas compras devido à elevação dos juros, a recente estabilização das taxas está mudando o comportamento dos consumidores paranaenses. As famílias voltaram a se planejar para adquirir bens de maior valor, geralmente financiados ou parcelados. Tanto a CNC quanto a Fecomércio PR têm detectado aumento consistente na intenção de compras nos últimos três meses, principalmente de bens duráveis.
A composição das dívidas confirma essa tendência. O cartão de crédito segue como o principal vilão, utilizado por 95,5% dos entrevistados em julho. Os financiamentos de veículos (6,2%) e imóveis (5,7%) ganharam força ao longo do ano, e o crédito pessoal dobrou sua utilização desde janeiro, passando de 0,6% para 1,2%. As compras por carnês também cresceram, saindo de 2,2% no início do ano para 3,6% em julho.
Um dado que reforça a leitura positiva é a manutenção da inadimplência em níveis controlados. O Paraná continua entre os estados com menor percentual de inadimplentes do país, ocupando a penúltima posição no ranking nacional. Isso reflete a boa capacidade das famílias paranaenses de gerenciar seus compromissos financeiros. O desempenho positivo do mercado de trabalho no estado também contribui para que as famílias se sintam seguras para planejar aquisições de bens a médio e longo prazo.
Em média, as famílias paranaenses estão comprometidas com dívidas por seis meses. A maioria (53,4%) possui dívidas com vencimento em até três meses, enquanto 40,3% têm compromissos financeiros com prazo superior a um ano.
A parcela da renda comprometida com dívidas é, em média, de 32,3% – índice considerado saudável pelos especialistas em finanças pessoais. A grande maioria (87,3%) compromete até metade da renda com dívidas, e apenas 12,7% ultrapassa esse limite.
Quando analisamos por faixa de renda, percebemos que o crescimento do endividamento foi mais expressivo entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos. Nesse grupo, o percentual de endividados subiu de 82,1% em junho para 83,9% em julho. As contas em atraso também aumentaram, passando de 7,7% para 8,9%. Porém, nenhum entrevistado desse grupo declarou impossibilidade de pagamento.
Entre as famílias com renda até dez salários mínimos, o índice de endividados passou de 85,2% para 86,3%. A inadimplência se manteve praticamente estável, com variação de 12,6% para 12,7%. O percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas também permaneceu inalterado, em 2,7%.
