15 anos sem saber o destino do marido

Em 9 de junho de 1991, Conrado Karpinski, 49 anos, saiu de casa na Vila São Pedro, em Curitiba, para fazer um frete e até hoje não voltou. São quase 15 anos que a esposa Maria dos Anjos Taverna não tem notícias nem da Kombi – branca, placa CW 6434 – nem do marido, que hoje deveria estar com 64 anos. Ela lembra que, na época, muitos investigadores e detetives cuidaram do caso e vários noticiários divulgaram o sumiço. Depois de tanto tempo sem respostas para o mistério, Maria do Anjos diz que a vida mudou completamente e, apesar dos boatos que ainda surgem, não lhe resta esperança.

Segundo a Delegacia de Vigilância e Captura, esse tipo de caso não é comun. "Há 15 anos não se dispunha de recursos que existem hoje. Atualmente se alguém desaparece com o veículo, dá-se o alerta para o Estado e as Polícias Rodoviárias são acionadas. Infelizmente, o que é mais comum para nós é adolescente que foge de casa", explica a delegada Selma Braga Moraes. Para saber detalhes sobre o caso de Conrado Karpinski, ela afirma que é preciso fazer uma pesquisa muito minuciosa nos arquivos e isso levaria alguns dias.

Porém, a esposa Maria dos Anjos lembra muito bem do que aconteceu. "Começou durante a semana: um tal de Paulo Roberto ligaria para fazer esse carreto. Ele ligou várias vezes, mas sempre dizia que ainda não podia fazer o tal do carreto. No domingo, às 17h, eu escutei Conrado dizer que então era para a pessoa esperar em frente ao mercado. Até hoje não sei qual, nem onde. A única coisa que ele me falou é que parece que era um feijão sem nota e que já estava até desconfiado. Mas ele foi", lembra.

A história seguiu-se na segunda-feira. Ela saiu para levar o filho à escola, como fazia todos os dias e deixou a mesa arrumada, à espera do marido. "Ele não voltou. Olhei nas coisas que ele pegaria, mas não pegou. Liguei no hospital e eles disseram que ele não tinha aparecido. Então fomos nos mobilizando e ligando para as delegacias. Às vezes o caso passava no rádio e recebi muito trotes. Sempre diziam que tinham visto ele ou a Kombi, mas ninguém confirmava. O nosso telefone ficou grampeado um tempo, mas a polícia não conseguiu pegar nada", conta.

Maria dos Anjos afirma ter certeza de uma coisa: "se ele tivesse intenção de sair atrás de aventura, ele teria levado mais coisas, mas ele não mexeu na conta do banco, não pagou sequer o IPVA do carro, não fez acerto no hospital, onde faltava apenas dois anos para se aposentar, e também só estava com os documentos da carteira. Tenho certeza que ele não saiu para passear".

Mudança

Mesmo sem notícias do marido, Maria dos Anjos tocou sua vida. Na época, ela ficou sozinha com um filho excepcional. Em 2001, a criança morreu, ela mudou de casa e deu entrada nos processos para receber a pensão. "Eu sobrevivia com o dinheiro do aluguel da casa, com o pouco que eu já tinha e com o que a família me ajudava", recorda. Em 1993, ela pediu a declaração de ausência, que utiliza como certidão de óbito. Porém, antes de ser declarado, durante um ano era divulgado no Diário Oficial um chamamento, a cada dois meses, sempre à espera de que Conrado se apresentasse. Depois que a certidão saiu, ela conseguiu receber uma pensão, com a qual conta até hoje.

Vencida essa etapa, a burocracia não foi encerrada e também se arrasta durante todo o tempo do sumiço. "Até hoje não terminou. Faz quinze anos e o inventário não foi encerrado, por ser um fato diferente, mas acho que agora sai, a advogada me garantiu que está no fim", espera.

Mesmo sem expectativa, Maria dos Anjos ainda quer resposta. "Não tenho esperança. Isso é fato consumado. Porém ainda gostaria de saber a verdade, com certeza o que aconteceu. Porque isso nunca ficou resolvido", lamenta a esposa.

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