Osmar Serraglio admite que poderá propor indiciamento de Gushiken

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) admitiu hoje que poderá propor, no relatório final, o indiciamento do chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, Luiz Gushiken, que centralizou as contas de publicidade das empresas estatais durante a passagem pelo comando da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência. "Se for o caso, nós o responsabilizaremos. Não afastamos essa hipótese e estamos analisando as responsabilidades civil, criminal e administrativa de cada um dos envolvidos", afirmou, logo após anunciar a descoberta de que R$ 10 milhões do valerioduto, supostamente, vieram de recursos do Banco do Brasil (BB).

Na avaliação dele, Gushiken poderá receber algum tipo de punição, caso fique comprovado que tinha conhecimento do esquema descoberto pela CPI no caso Visanet/BB. Além disso, Serraglio afirmou acreditar que outras estatais tenham usado o mesmo método para repassar recursos ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do caixa dois do PT. "É claro que pode ter outras estatais envolvidas no mesmo esquema", disse. O relator da CPI dos Correios afirmou que, no parecer final, imputará responsabilidade a "pessoas do governo" por envolvimento com o esquema de Valério.

Mas, apesar de o dinheiro dele ter ido para o partido, Serraglio disse que não pretende propor nenhuma espécie de punição para a legenda. "Todos poderão ser punidos e os culpados serão apontados. Mas são pessoas e não o partido", observou. No documento final, o relator da CPI pretende apontar os crimes de cada um dos envolvidos no escândalo, como lavagem de dinheiro, formação da quadrilha, prevaricação, peculato e corrupção ativa e passiva.

O ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento da legenda Delúbio Soares deverá ser indiciado por corrupção e tráfico de influência, apenas no que se refere ao caso do BB/Visanet. Já o ex-diretor de Marketing da instituição financeira Henrique Pizzolato, que teria beneficiado a empresa de publicidade de Valério na propaganda da Visanet, poderá responder por peculato (uso de dinheiro público). O empresário deverá ser indiciado por corrupção e também peculato. A CPI estuda convocar para depor, na próxima semana, funcionários do BB que autorizaram o pagamento antecipado de recursos da Visanet para a agência de publicidade DNA Propaganda. Além de Pizzolato, deverão ser convocados o ex-gerente de divisão do BB Léo Batista dos Santos, e o gerente-executivo, Douglas Macedo.

Para o sub-relator-adjunto da comissão, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), os recursos do empresário não foram usados apenas para o caixa dois de siglas e campanhas eleitorais. "A tese do caixa dois é do governo, mas não da CPI dos Correios", afirmou. Paes lembrou que o advogado Aristides Junqueira recebeu de Valério R$ 300 mil por atuar no caso que apura a morte do prefeito de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel.

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