Novatos na política prometem movimentar a Câmara

Os políticos tradicionais continuam predominando na nova composição da Câmara, mas os novatos estão ganhando espaço. A Agência Câmara ouviu os três mais votados, entre os deputados novatos na política.

O mais célebre estreante na política, quarto mais votado do País e recordista em votos entre os novos politicos é o estilista e apresentador de televisão Clodovil Hernandes (PTC-SP), que obteve 493.951 votos. "Eu quero respeitar esses milhares de pessoas que votaram em mim", disse o deputado eleito.

Clodovil disse que resolveu candidatar-se depois de um "insight", após ficar sabendo que estava com câncer na próstata. Ele não quis dar detalhes: "Você não entenderia", afirmou. Ele criticou a imprensa por tachá-lo de candidato exótico e catalisador de votos de protesto. Clodovil atribuiu sua expressiva votação à afinidade de milhares de pessoas com seu estilo franco, de falar o que vem à cabeça.

Ao falar de seus projetos para o futuro cargo, Clodovil é pragmático. "Eu não vou poder fazer nada, já sei. Mas 1 + 1 é sempre mais que 2", afirmou, parafraseando Beto Guedes. Bandeira política? "Rosa choque! (risos). Eu não tenho bandeira nenhuma", emendou.

Clodovil pensa que vai fazer mudanças no Congresso por seu próprio modo de ser. "Eu tenho essência", disse. "Eu já fui muito mau e sei que isso não é negócio", admitiu. "A gente aprende até com uma escada".

O candidato invocou uma lembrança de sua profissão para explicar como pretende se posicionar em relação ao governo. "Não sou de esquerda nem de direita. Eu sou viés. De cima para baixo ou de baixo para cima, o viés passa por todos os caminhos".
Clodovil revelou que já está formando seu gabinete. "Já sei que é a equipe que vai me derrubar", resignou-se. O estilista disse que na época que foi apresentador de programas de TV sempre foi prejudicado por gente de sua própria produção.

Choque na Câmara

Em segundo lugar, com 294.199 votos, o mineiro Rodrigo de Castro (PSDB) chega à Câmara para engrossar as fileiras do governador Aécio Neves no Congresso Nacional, consideradas estratégicas numa eventual disputa com o governador eleito de São Paulo, José Serra, pela candidatura à Presidência da República pelo PSDB em 2010.

Castro, que tem apenas 29 anos e ocupava cargo administrativo no governo de Minas, disse que sua votação deve ser atribuída ao "desejo de renovação" manifestado pelo eleitorado e ao "trabalho consolidado" de seu pai, Danilo de Castro, deputado federal por três mandatos.

Natural de Viçosa, Rodrigo de Castro afirma que sua plataforma política prioriza o fortalecimento dos municípios diante da crescente centralização de poder na União. O jovem deputado diz que também quer trazer para o plano federal o festejado "choque de gestão" implantado na administração pública mineira. "É um programa que mudou Minas Gerais, que consiste em ‘acordos de resultados’" ? estratégia para engajar os servidores na busca da eficiência nos serviços públicos.

Memória renovada

A terceira novata mais votada para a Câmara, Ana Arraes (PSB-PE, 178.467 votos), diz que nasceu na política, apesar de o futuro mandato de deputada ser seu primeiro cargo eletivo. Filha do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, disse que a alta adesão dos pernambucanos à sua candidatura se deve à memória política do pai, morto no ano passado. Além disso, Ana (mãe do deputado Eduardo Campos, que disputa o segundo turno para o governo de Pernambuco contra Mendonça Filho, do PFL), diz que dialogou com o povo, que entendeu sua proposta. "Andei 120 mil quilômetros e interagi com a população", afirmou.

Segunda deputada federal na história de Pernambuco, Ana Arraes antecipa que, paralelamente à defesa das bandeiras do PSB, reforçará a bancada feminina da Câmara e lutará pelo incremento de políticas públicas voltadas para o "equilíbrio de gênero".

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