Novas tecnologias são fundamentais para enfrentar a estiagem

A pesquisadora do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Vânia Moda Cirino, alertou nesta quinta-feira (28) técnicos e pesquisadores para o problema da seca, durante o Seminário Riscos Climáticos e Estiagem no Paraná promovido pelo Instituto. ?A seca é um sério problema para a agricultura mundial, sendo considerado o segundo fator em redução da produtividade, atrás apenas da ocorrência de doenças?, disse.

Cirino afirmou que para conviver com a estiagem são possíveis três alternativas: a irrigação, a conservação da água no solo por mais tempo e o desenvolvimento de plantas resistentes. Trabalhando na área de melhoramento do Iapar, ela apresentou diversos resultados de pesquisa do Instituto que resultaram em cultivares resistentes à seca, como o IPR 103 para o café, o IPR 78 para o trigo e o Uirapuru e IAPAR 81 para o feijão.

Além de variedades resistentes à seca, outros pesquisadores do Iapar mostraram técnicas que podem trazer bons resultados em períodos com ou sem estiagem. João Henrique Cavilhone falou sobre as técnicas de manejo do solo que podem ser usadas para enfrentar a seca e destacou a importância do plantio direto. Sérgio Alves mostrou algumas alternativas tecnológicas para conviver com a seca e salientou a importância da diversificação. ?A diversificação pode não trazer grandes vantagens em anos em que vai tudo bem, mas quando o tempo não ajuda, a diversificação faz muita diferença?, afirmou Alves.

Ele sugere algumas alternativas para o produtor diminuir os riscos e os prejuízos com o período de falta d?água: a irrigação, o manejo de pomares, o uso de quebra-ventos, o sombreamento, o café adensado e a integração lavoura/pecuária. Neste último caso, Alves deu como exemplo uma propriedade de 12 hectares que obteve uma renda de R$ 34 mil com produção média anual de 550 sacas de soja e 350 arrobas de carcaça por meio da integração soja/trigo/pecuária.

De acordo com o pesquisador, se a propriedade produzisse apenas grãos a rentabilidade não seria superior a R$ 20 mil. ?O planejamento global da propriedade é fundamental para que o produtor tenha boa produtividade e alguma rentabilidade?, lembra Alves.

Mineiros

O extensionista da Emater de Minas Gerais, Maurício Fernandes, falou sobre a experiência mineira na preservação da água e na retenção do líquido no solo. Para Fernandes, água em qualidade e quantidade é no meio rural, por isso é o agricultor que precisa ter um cuidado especial com a água. ?No meio urbano a água não penetra no solo e geralmente é contaminada pelo esgoto?.

Ele afirma que é preciso preservar as bacias hidrográficas e haver uma integração entre os recursos naturais por meio de um manejo apropriado da agropecuária e também da atividade agrícola como um todo. ?Se não gerar renda para a população mais pobre não adianta?, acrescenta ele.

Para que tudo isso seja possível, Fernandes sugere o uso mais racional da irrigação, que na opinião dele gasta muita água em muitas ocasiões, a recuperação de matas ciliares e um melhor aproveitamento do solo respeitando as condições ambientais. ?Muita gente diz que água está acabando e não é bem isso que está acontecendo. Na verdade, ela não está sendo aproveitada da forma correta porque a água não é absorvida tanto nas cidades como no campo, acarretando uma série de problemas?, acrescenta Fernandes. Ele também defende que o produtor crie mecanismos para reter a água da chuva para evitar os efeitos nocivos da enxurrada e usar o excedente em momentos de seca.

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