‘Não estamos vencendo no Iraque’, admite Bush

Pela primeira vez desde o início do conflito, em 2003, o presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu hoje que as forças insurgentes "frustraram os esforços americanos para estabilizar" o Iraque. Na última entrevista coletiva antes de partir para as folgas de fim de ano em sua fazenda de Crawford, no Texas, Bush se referiu a declarações que deu na véspera ao jornal The Washington Post, segundo as quais os EUA "não estão vencendo, mas também não estão perdendo (a guerra)". "Esse comentário reflete o fato de que não temos tido êxito com a rapidez que eu desejava", afirmou.

"Os inimigos da liberdade adotaram uma estratégia para promover a violência sectária entre xiitas e sunitas e, ao longo desse ano, tiveram êxito", reconheceu o presidente. Bush acrescentou, no entanto, que "os EUA não sairão correndo do Iraque" e reiterou que a luta de longo prazo contra o terror exigirá a ampliação do contingente permanente do Exército americano. Pressionado para mudar a estratégia militar no país, o presidente declarou que ainda está avaliando a possibilidade de ampliar, por um curto período de tempo, o número de soldados no Iraque – como um último esforço para controlar a crescente violência e preparar o caminho para uma retirada.

Bush afirmou também que os EUA "pedirão mais de seus parceiros iraquianos" em 2007. "Não farei previsões sobre como será 2007, exceto a de que exigirá decisões difíceis e sacrifícios adicionais, pois o inimigo é impiedoso e violento." Bush também rejeitou uma recomendação da comissão bipartidária Grupo de Estudos para o Iraque – liderada pelo republicano James Baker e pelo democrata e pelo democrata Lee Hamilton – para iniciar um diálogo com Síria e Irã. "Minha mensagem ao povo iraniano é a seguinte: merecem mais do que um presidente (Mahmud Ahmadinejad) que repete constantemente ao mundo que o Irã está desconectado da maioria das nações."

O presidente disse também que pretende trabalhar em parceria com a nova maioria democrata no Congresso americano. A oposição acabou com 12 anos de hegemonia republicana nas eleições legislativas de 7 de novembro. Bush disse ter visto uma grande abertura para tomar decisões em conjunto com os democratas nas duas principais áreas que precisam ser negociadas no plano interno: a reforma da previdência e a questão da imigração.

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