Morsi é colocado em jaula durante julgamento no Egito

O ex-presidente do Egito, Mohammed Morsi, compareceu ao tribunal nesta terça-feira para um novo julgamento vestindo um uniforme prisional branco, mas foi colocado numa jaula envolta por vidro e à prova de som, de onde gritou várias vezes com o juiz.

Nos 30 minutos de imagens gravadas transmitidas pela televisão estatal, Morsi protestou por estar dentro de uma jaula no tribunal, onde é julgado pela grande fuga de prisioneiros em 2011, quando ele mesmo escapou da prisão.

O ex-presidente é acusado de espionagem, pelo assassinato de guardas e por fugir da prisão durante os tumultos que levaram à queda do ex-presidente Hosni Mubarak. Segundo o Judiciário egípcio, ele contou com a ajuda de milícias palestinas e libanesas para sair da prisão, acusações que podem levá-lo a uma sentença de pena de morte.

O julgamento coincide com o terceiro aniversário de um dos dias mais violentos da revolução egípcia que rompeu a força policial do país e fez com que ela abandonasse a patrulha das ruas do país.

O ex-presidente, derrubado por um golpe em 3 de julho, também declarou aos juízes que continua a ser o líder legítimo do Egito, segundo a televisão estatal, mas este trecho do julgamento não foi mostrado na televisão. Em imagens mostradas ao público, os outros 19 réus, que também estavam no tribunal, gritavam que o julgamento é “inválido”. Eles permaneceram em local separado de onde Morsi estava.

Autoridades dizem que as fugas de prisioneiros foram parte de um esforço organizado para desestabilizar o país. Grupos de direitos humanos pediram uma investigação independente sobre os eventos caóticos e responsabilizam a polícia pela confusão. Um advogado da Irmandade Muçulmana, grupo do qual Morsi faz parte e que voltou a ser considerado ilegal pelo governo egípcio após a tomada do poder pelos militares, disse que o julgamento tem o objetivo de “denegrir” o ex-presidente e a Irmandade.

Esta é a segunda vez que o ex-presidente compareceu ao tribunal desde o golpe que o derrubou do poder. Em sua primeira aparição, em novembro, ele parecia menos agitado, embora tenha interrompido o juiz e feito longos discursos.

Esta terça-feira marca o terceiro aniversário da “sexta-feira de Fúria”, um dos dias mais violentos durante o levante de 2011, quando manifestantes e policiais se confrontaram durante horas até que a polícia se retirou das ruas e os militares chegaram. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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