Monti ataca Berlusconi e pede segundo mandato

O primeiro-ministro interino da Itália, Mario Monti, criticou nesta quinta-feira seu predecessor Silvio Berlusconi, ao afirmar que o magnata de 76 anos possui um julgamento “volátil” enquanto pediu ao líder da centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, para afastar “conservadores” do Partido Democrático (PD).

Segundo ele, foram esses personagens que impediram seu governo de fazer reformas mais profundas na Itália. Monti, Berlusconi e Bersani são todos candidatos nas eleições gerais italianas, que ocorrerão em 24 e 25 de fevereiro. O PD tinha cerca de 30% das intenções de voto nas pesquisas de dezembro do ano passado, enquanto os partidos de centro que apoiam Monti tinham cerca de 15%. O partido Povo da Liberdade (PDL, na sigla em italiano), de Berlusconi, tinha 17% das intenções de voto.

Monti, que governou entre novembro de 2011 até dezembro do ano passado, e agora está como interino no cargo até as eleições, é senador vitalício e participa de uma coalizão de centro-direita. Berlusconi, que governou a Itália em 1994, entre 2002 e 2006 e depois entre 2008 e 2011, quer voltar ao poder, liderando seu partido de centro-direita, o Povo da Liberdade (PDL, na sigla em italiano). Berlusconi não conta, contudo, com o apoio da democracia cristã e dos partidos centristas, que passaram a apoiar Monti.

O magnata, condenado recentemente por evasão fiscal, respondeu às criticas de Monti. “Monti é um professor e os professores não gostam de serem contestados. Os professores têm o salário garantido e não sabem quais são as dificuldades que uma empresa enfrenta diariamente”, disparou Berlusconi.

Já Monti afirma que um segundo mandato lhe permitirá implantar suas políticas e levar a Itália novamente ao crescimento econômico. “Eu gostaria que existisse algo como um ‘Monti 2′”, disse o premiê, ao acrescentar que seu governo técnico “faz boas coisas para a Itália”.

O governo Monti impôs aumentos de impostos e cortes de gastos que protegeram a Itália da crise da dívida na zona do euro, quando parecia que o país seria arrastado para um caminho parecido ao da Grécia, no final de 2011. Mas os críticos afirmam que as medidas de Monti na realidade atingiram os segmentos mais frágeis da sociedade italiana, enquanto mantiveram os privilégios dos bancos e das grandes empresas. Monti também afirmou que Bersani precisa afastar os comunistas e “conservadores” da centro-esquerda italiana, que impedem as reformas na economia. Monti também criticou a principal central sindical italiana, a Cgil, de impedir as reformas trabalhistas. A presidente da Cgil, Susanna Camusso, afirmou que Monti “não conhece a Itália”.