Livni desiste de gabinete e Israel terá novas eleições

A primeira-ministra indicada de Israel, Tzipi Livni, desistiu neste domingo (26) de formar um gabinete de governo e, com isso, abriu caminho para novas eleições em Israel, o que poderia colocar em risco o frágil progresso nas negociações de paz entre palestinos e israelenses. Os palestinos temem que a decisão de Livni interrompa os avanços obtidos nas negociações de paz, até a realização das eleições.

O pleito também pode servir como uma oportunidade para que o líder da oposição, Benjamin Netanyahu, contrário às concessões territoriais aos palestinos, assuma o cargo de premiê. Ex-primeiro-ministro, Netanyahu aparece como o favorito nas pesquisas, com a primeira-ministra designada pouco atrás.

Livni tenta montar um governo desde que substituiu Ehud Olmert como líder do partido governista Kadima, em setembro. Envolvido em escândalos de corrupção, Olmert foi forçado a deixar o posto. No entanto, os parceiros da atual coalizão, no poder desde maio de 2006, aproveitaram a mudança para fazer novas exigências.

Em um comunicado divulgado hoje, Livni explicou que estava disposta a fazer concessões, mas precisou impor um limite em relação a pedidos “impossíveis”. “Quando se tornou claro que todas as pessoas e partidos estavam aproveitando a oportunidade para fazer exigências que eram economicamente e diplomaticamente ilegítimas, eu decidi suspender (as negociações)”, afirmou.

Livni comunicou sua decisão ao presidente israelense, Shimon Peres, em um encontro transmitido ao vivo pela televisão neste domingo. Ela falou que fez todo o possível para formar uma coalizão, mas não iria ceder ao que qualificou como “chantagem política”. “Eu disse ao presidente que nessas circunstâncias nós devemos convocar eleições sem atraso”, afirmou ela após a reunião.

As eleições para as 120 cadeira do Parlamento de Israel, agendadas para novembro de 2010, devem ser antecipadas para fevereiro ou março. Seria a terceira eleição nacional em seis anos, uma mostra da instabilidade do fragmentado sistema político israelense.

Tecnicamente, Peres poderia solicitar que outro parlamentar tente constituir um gabinete, antes de forçar as eleições. No entanto, como líder do maior partido no parlamento, Livni era a única candidata com chances reais de consolidar uma coalizão.

Na sexta-feira (24), o partido ultra-ortodoxo Shas afirmou que não participaria da coalizão governista. Sem os 12 parlamentares desse grupo seria praticamente impossível formar a coalizão. O Shas exigia que, entre outras coisas, Livini garantisse a integridade de Jerusalém. Para políticos mais moderados ceder uma parte da cidade é condição essencial para uma paz definitiva. Os palestinos querem que Jerusalém Oriental – território conquistado por Israel na Guerra de 1967 e em seguida anexado – seja a capital de um futuro Estado palestino.