Israel promete interceptar navio que se dirige a Gaza

Um navio com ajuda humanitária que tentará quebrar o bloqueio à Faixa de Gaza deverá chegar à zona de exclusão israelense de 32 quilômetros, no litoral da Faixa de Gaza, na manhã deste sábado, disse a porta-voz do grupo Free Gaza, Greta Berlin. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu que a embarcação será interceptada antes de atingir o litoral do território palestino.

As afirmações conflitantes sugerem a possibilidade de um novo confronto a respeito do bloqueio de três anos que Israel impõe à Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, e acontecem apenas quatro dias depois que um ataque israelense contra uma flotilha de seis navios deixou nove ativistas turcos mortos.

A prêmio Nobel da Paz, a irlandesa Mairead McGuire, afirmou que os ativistas estão decididos a seguir em frente, mas não resistirão se os militares israelenses abordarem o navio. “Provavelmente eles nos prenderão, mas não haverá resistência”, disse McGuire.

Greta Berlin, porta-voz do grupo Free Gaza, disse em Nicósia, no Chipre, que o navio irlandês Rachel Corrie, de 1.200 toneladas, está se dirigindo para Gaza e não vai parar em nenhum porto durante o trajeto. A embarcação tenta entregar centenas de toneladas de ajuda humanitária, o que inclui cadeiras de rodas, medicamentos e concreto.

“Existe um bloqueio marítimo à Faixa de Gaza”, disse o diplomata israelense Yossi Gal em Jerusalém. Israel pediu aos ativistas que conduzam o barco ao porto de Ashdod e prometeu entregar os suprimentos à Faixa de Gaza, mas a oferta foi rejeitada. Gal afirma que Israel não deseja abordar o barco. “Se o capitão do navio decidir navegar ao porto de Ashdod, então prometemos a ele uma chegada segura e não o abordaremos”, disse o diplomata.

Sem feridos

A onda de indignação internacional que se seguiu ao ataque à flotilha, na segunda-feira, fez com que Netanyahu desse ordens claras aos militares para não ferirem os passageiros do Rachel Corrie, afirmou sob anonimato uma fonte que participou ontem da reunião de gabinete do premier.

Na tarde de hoje o navio estava a 177 quilômetros da costa de Gaza, em águas internacionais, informou o grupo em seu site. Além de McGuire, vencedora do prêmio Nobel da Paz de 1976, o ex-responsável pelo programa de alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), Denis Halliday, está entre os 11 passageiros a bordo.

O nome do navio irlandês é uma homenagem a uma estudante universitária norte-americana que morreu esmagada por uma escavadeira do Exército de Israel enquanto protestava contra a demolição de casas palestinas em Gaza.

Expulsão

A polícia de Israel ordenou que quatro parlamentares do grupo islâmico Hamas, que vivem em Jerusalém, deixem a cidade e o Estado de Israel até o fim deste mês.

O porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld, disse que os quatro serão expulsos se não deixarem o país voluntariamente. Autoridades israelenses afirmaram ter alertado os parlamentares repetidas vezes que eles seriam expulsos a menos que renunciassem a integrar o Hamas.

Israel considera o Hamas uma organização terrorista. Os parlamentares já foram detidos em 2006, ao lado de outros políticos do grupo, quando um soldado israelense foi sequestrado por militantes aliados ao Hamas perto da Faixa de Gaza.

Enquanto isso, grupos palestinos de defesa dos direitos humanos disseram que o Hamas fechou seis associações de caridade e cívicas que funcionavam de maneira independente na Faixa de Gaza.

O Centro Palestino para os Direitos Humanos afirmou que a polícia do Hamas fez batidas aos escritórios das entidades nesta semana, onde confiscou computadores e outros equipamentos. Entre os alvos, estavam duas organizações de saúde para as mulheres.

Robert Serry, representante das Nações Unidas, pediu que o governo da Faixa de Gaza “acabe com esses passos repressivos” e permita que os grupos retomem suas atividades. O porta-voz do ministro do Interior da Faixa de Gaza, Ehab Ghussein, não quis comentar o episódio.

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