Do lar familiar para a vida nas ruas

Crianças e adolescentes dormindo embaixo de marquises, fazendo malabarismos em sinaleiros, vendendo balas, pedindo esmolas nas esquinas e, pior, assaltando para conseguir dinheiro a fim de para comprar drogas. Tudo isso faz parte da realidade de muitas cidades brasileiras e gera conseqüências bastante negativas em toda a sociedade.

Só em Curitiba, segundo um balanço da FAS (Fundação de Ação Social), existem cerca de 90 pessoas, entre 7 e 17 anos de idade, que trocam a escola e o ambiente familiar pelas ruas. Destas, muitas são originárias de municípios da região metropolitana e 74% são do sexo masculino.

Lucimar do Carmo
Eliana: meninos e meninas vão para as ruas em busca de uma alternativa de renda.

?A desestruturação familiar, a violência doméstica, o álcool e as drogas são as principais causas do problema. Geralmente meninos e meninas vão para as ruas em busca de uma alternativa de renda?, diz a socióloga e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente no Paraná, Eliana Arantes Bueno Salcedo, que na última sexta-feira, na capital, participou de um evento ligado à campanha nacional, Criança não é de Rua, lançada no ano passado em Fortaleza (CE).

As crianças e adolescentes que permanecem nas ruas desperdiçam a oportunidade de ter um futuro melhor. Quando adultos, deixam de ser economicamente produtivos e perpetuam um ciclo de pobreza e violência que, direta ou indiretamente, afeta a todos. Por isso, na opinião do diretor de proteção especial da FAS, Adriano Mário Guzzoni, a solução do problema não é apenas de responsabilidade do poder público. É preciso que a sociedade civil, as escolas e também as igrejas se envolvam, conscientizando-se da seriedade da questão e contribuindo com a formação de valores.

Lucimar do Carmo
Adriano: solução do problema não é apenas de responsabilidade do poder público.

?Não dar esmola, por exemplo, é uma forma de ajudar a evitar que as crianças fiquem nas ruas, pois é comprovado que a esmola incentiva a permanência fora de casa e o abandono da escola, que por sinal deve manter atividades de contraturno?, afirma. ?As crianças e adolescentes precisam ter seus direitos garantidos para se desenvolverem de forma sadia e terem perspectiva de futuro?.

Adriano informa que em Curitiba e região metropolitana há 107 unidades públicas e privadas de atendimento a crianças e adolescentes. Em todo o Paraná são 287. Os trabalhos sociais desenvolvidos nestes locais visam não apenas o atendimento de meninos e meninas considerados em situação de risco ou em conflito com a lei, mas também de seus familiares.

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