Confrontos deixam seis mortos em Sanaa, no Iêmen

A violência ameaçou levar a capital iemenita novamente a um quadro caótico hoje, com pelo menos três oposicionistas e três membros das forças do governo mortos. Ontem, muitos comemoraram nas ruas a partida do país do presidente Ali Abdullah Saleh, que passará por uma cirurgia na Arábia Saudita, após ser ferido em um ataque com foguete contra o complexo presidencial.

A situação pode ficar ainda mais descontrolada com a saída temporária do presidente. Houve três meses de protestos pacíficos pelo fim do governo, mas, nas últimas semanas, a violência ganhou espaço. Poderosas figuras da oposição pegaram em armas para tentar acabar com o domínio de quase 33 anos de Saleh sobre o país.

O presidente iemenita partiu para a Arábia Saudita para uma cirurgia, pouco após o rei saudita, Abdullah, conseguir um acordo para um cessar-fogo no Iêmen, no fim do sábado. A trégua, porém, durou apenas algumas horas.

Nos últimos confrontos, o poderoso líder tribal oposicionista xeque Sadeq al-Ahmar disse que três dos seus partidários foram mortos a tiros no bairro de Hassaba, no norte da capital. As três outras mortes ocorreram ontem. Um militar que desertou disse que homens do governo atacaram o posto de controle onde ele estava.

O poder agora está com o vice-presidente, Abed Rabbo Mansour Hadi. Ele se reúne hoje com lideranças das forças de segurança, em busca de um cessar-fogo que possa perdurar. Ontem, milhares de pessoas celebraram a partida de Saleh. Porém muitos temem que ele volte ao poder ou que deixe o país em ruínas caso não consiga fazê-lo. O Iêmen sofre com a pobreza, a desnutrição da população, conflitos tribais e a violência de uma subdivisão da Al-Qaeda.

Saleh passou com sucesso por uma cirurgia no peito, para retirada de pedaços de madeira que entraram em seu corpo na explosão de um foguete em uma mesquita onde estava em Sanaa, na sexta-feira. Ele recebe tratamento em Riad, capital saudita. O governo iemenita atribuiu o ataque primeiro à oposição tribal e, posteriormente, à Al-Qaeda. Onze seguranças morreram e cinco autoridades do governo ficaram seriamente feridas.

Os protestos começaram há meses no Iêmen, porém o governo usou de muita violência para reprimi-los, matando pelo menos 166 pessoas, segundo a organização Human Rights Watch. Nas duas últimas semanas, o quadro passou a ser de um conflito armado pelas ruas do país. As informações são da Associated Press.

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