Bahrein admite ação contra Médicos Sem Fronteiras

Respondendo às críticas do grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF), o governo do Bahrein disse nesta quinta-feira que na semana passada a polícia invadiu um centro médico dirigido pelo grupo no país por falta de permissão de funcionamento.

Na quarta-feira o MSF condenou o que chamou de “ataque armado” contra uma instalação do grupo em Manama, capital do Bahrein. A operação de 28 de julho resultou na prisão de um dos funcionários do grupo. As autoridades danificaram bens, confiscaram suprimentos médicos e outros equipamentos e detiveram o voluntário Saeed Mahdi, afirmou o MSF. O grupo disse que a medida foi “injustificada e inaceitável” e afirmou que tem sido transparente sobre suas operações no Bahrein.

Em resposta enviada por e-mail para os meios de comunicação, o Ministério da Saúde do Bahrein reconheceu a prisão e a ação, mas declarou que a polícia fez buscas no escritório do grupo apenas depois de obter um mandado. O Ministério disse que a polícia agiu porque o MSF estava administrando um centro médico sem licença num apartamento e sem o conhecimento das autoridades.

Mahdi, que segundo o MSF trabalha como motorista e tradutor do grupo, foi preso após chamar uma ambulância para um paciente, que havia ido até a instalação do grupo com sérios ferimentos na cabeça. Mas as autoridades bareinitas afirmam que Mahdi inicialmente tentou esconder sua ligação com o MSF e disse à polícia que era apenas uma pessoa que estava no local e ligou para os serviços de emergência. Mahdi é alvo de várias acusações, dentre elas oferecer serviços de saúde sem licença e dar informação falsa à polícia.

As relações entre profissionais de saúde e autoridades no Bahrein têm sido tensas desde fevereiro, quando tiveram início grandes manifestações lideradas pela maioria xiita contra a monarquia sunita. Médicos e enfermeiras que cuidaram de manifestantes foram investigados durante uma repressão posterior que resultou na prisão de centenas de ativistas.

No mês passado, o Human Rights Watch disse que mais de 70 profissionais de saúde foram detidos durante quatro meses de repressão. Muitos trabalhavam no Centro Médico Salmaniya, um hospital público. As autoridades sunitas veem os funcionários do hospital, em sua maioria xiitas como simpatizantes das manifestações, embora os funcionários afirmem que trataram de todas as pessoas que precisavam de cuidados.

O MSF informou que tratou quase 200 pacientes no Bahrein desde fevereiro. Essas pessoas decidiram não ir aos hospitais públicos por temer serem presas por suposto envolvimento nos protestos, disse o MSF. As informações são da Associated Press.

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