Aventura mundo afora sobre rodas

Viajar mundo afora no conforto da sua própria casa. Que tal a dica? Em um primeiro momento, isso parece um sonho para a maioria dos apaixonados por viagens. Mas para os chamados estradeiros, famílias que viajam nos motor-homes, é uma realidade bastante agradável. O motor-home é uma espécie de casa sobre rodas, pra lá de equipada. É um ônibus com sala, quarto, banheiro e cozinha. E esses aventureiros garantem: é muito mais barato e interessante andar dessa forma, já que não há preocupação com hospedagem e traslado. O que importa é o destino e as surpresas que ele reserva.

?Percebemos que o nosso mundo é muito pequeno quando viajamos. Abrimos os horizontes?, diz a professora aposentada Rosidete Dissenha. Ela e seu marido, o taxista aposentado Ary Dissenha (que moram em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba) compraram um motor-home há oito anos, sonho que ele tinha desde que trabalhava. ?Eu tinha um pouco de medo, era mais pé no chão. Mas depois que comecei a viajar não parei mais, acompanho ele em todas as viagens?, comenta.

Os motor-homes são muito confortáveis. Possuem cama, sofá, televisão, chuveiro e pia da cozinha a gás. Além do quarto do casal, tem espaço para possíveis visitas (ou filhos) nos ambientes muito bem aproveitados da ?casa?. Até a sala pode virar quarto à noite, com um sofá-cama. E para lavar roupas também não há problema: quase todos os motor-homes têm máquina de lavar. Portanto, o conforto do lar não é deixado pra trás, nem mesmo ao deixar o País. ?Nossa última viagem foi para o Uruguai. Fiquei impressionada com a cultura e as pessoas diferentes. A gente aprende tanto quando viaja e acaba dando muito valor ao nosso País. Eu, que era professora, deveria ter viajado bem mais para ensinar meus alunos. Passei a vida toda conhecendo os lugares somente nos mapas?, constata Rosidete.

As pessoas que vivem nos motor-homes parecem não se preocupar com trabalho, estudos ou contas a pagar. Mas não é bem assim. Para quem já está aposentado, como o casal Rosidete e Ary, ficar um mês em casa é muito tempo, então são dias bem aproveitados. ?Eu coloco todas as contas em débito automático, resolvo o que tenho que resolver e vamos para a estrada de novo?, conta Ary.

Já para dona-de-casa Cristina Pacher e seu marido caminhoneiro, Paulo Pacher, de Ponta Grossa, as viagens não podem ser tão freqüentes assim. Eles têm dois filhos que ainda estão em idade escolar, então os passeios são feitos somente nas férias, feriados ou finais de semana. O casal tem um motor-home há sete anos.

Cristina destaca que o custo da viagem é bem mais baixo do que se a família fosse se hospedar em hotéis e pagar passagens de avião, por exemplo. ?Minha primeira experiência fora do País foi no motor-home, no Uruguai. Assim eu uno as duas coisas que gosto de fazer: viajar e ficar com minha família?, relata. Para Paulo, viajar na ?casa sobre rodas? significa autonomia e liberdade para parar onde bem entender. ?Se eu paro em uma região que não me agradou, tenho a opção de ir embora a hora que eu quiser. Respiramos ares diferentes todos os dias?, diz o caminhoneiro.

Chance de fazer novos amigos

Fotos: Allan Costa Pinto

Rosidete: ?formamos famílias, criamos grandes elos?.

É unânime. A maior parte dos estradeiros, proprietários das ?casas sobre rodas?, não exita em dizer que o mais importante nesse hobby são as amizades e o fortalecimento dos relacionamentos.

?Não é só o hobby. É a convivência entre amigos?, confirma o estradeiro de São José dos Pinhais, Nélson Domingues. ?Formamos famílias, criamos grandes elos, sem falar no conhecimento que adquirimos?, completa a professora aposentada Rosidete Dissenha, também de São José.

Para o casal de estradeiros Cristina e Paulo Pacher, de Ponta Grossa, o melhor é poder estar sempre em companhia da família, embora não possam viajar com tanta freqüência porque os filhos estão em idade escolar. ?A melhor coisa de ser estradeiro é poder estar sempre com meu marido e meus filhos. Sem falar que as crianças aprendem muito a cada lugar que visitamos. Eu, que sou dona de casa, também aprendi a me virar nas viagens?, afirma Cristina.

O empresário Waldete Vieira e a professora aposentada Dolores Kleine, de Florianópolis, Santa Catarina, contam que só falta conhecer ?os dois Mato Grossos?. Para eles, se não fosse o motor-home não teriam feito tantas amizades. ?A gente se limita a nossa cidade, não pode ser assim. Quando viajamos desligamos de todos os problemas, desestressamos. Tudo é prazeroso, desde a hora da preparação para a viagem?, testemunha Dolores. (MA)

Paraná tem cerca de 250 estradeiros

Encontro nacional possibilitou a confraternização dos proprietários de motor-homes.

Um encontro nacional de estradeiros aconteceu no feriado de Corpus Christi, no Parque Newton Freire Maia (antigo Castelo Branco), em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O encontro foi especial, pois comemorou os 17 anos do Clube de Proprietários de Veículos de Recreio do Paraná. Em todo o Estado há cerca de 250 estradeiros distribuídos em três grupos (grupo da região metropolitana, grupo do oeste e grupo Pé Vermelho, da região norte).

Em eventos como este, proprietários de motor-homes se confraternizam em jantares e bailes e aproveitam para fazer novas amizades. Desta vez, o encontro reuniu cerca de 150 estradeiros. O organizador do evento, Nélson Domingues, explicou que os encontros também prevêem passeios pela região (Estrada da Graciosa, pousadas e mirantes), bingos, boatinhas para adolescentes, brinquedos para crianças, além da preocupação com o lado social: cada família de estradeiros foi convidada a doar cinco quilos de alimentos, encaminhados a instituições filantrópicas da região. Cada grupo também pagou pelo uso da estrutura do parque.

Domingues comprou um motor-home há seis anos e hoje viaja com a esposa e o filho. Ele conta que a profissão na área de informática não o impede de colocar o pé na estrada. Ele não vê desvantagens em viajar na casa sobre rodas. ?Todo conforto que a gente precisa tem no motor-home?, atesta. As viagens marcantes para família foram para o Nordeste do Brasil e para o Chile, cada uma com 40 dias de duração. Os estradeiros não gostam muito de falar em custos (valores de motor-homes ou custos para manutenção), até por segurança. Mas segundo Nélson, manter um motor-home acaba compensando, se comparar com a quilometragem rodada. (MA)

Voltar ao topo