MS estuda regulamentação do lanche em cantinas escolares

A exemplo do Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde estuda, para resto do país, a regulamentação no comércio de guloseimas e lanches oferecidos nas cantinas das escolas públicas.

A medida tem por base o crescimento alarmante da obesidade em crianças. Para falar da experiência paranaense, a nutricionista e chefe do Departamento de Apoio Escolar do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná ( Fundepar), Marcia Stolarski, participa nesta quarta-feira, da oficina de trabalho para discussão do Projeto de Cantinas Escolares Saudáveis.

As Secretarias de Educação do Paraná, Santa Catarina e da cidade do Rio Janeiro são as únicas que já regulamentaram os serviços de lanches nas unidades educacionais públicas e privadas, dentro de padrões de qualidade nutricional e de vida, indispensáveis à saúde dos alunos. Além de relatar a experiência do nosso Estado, Marcia leva a Brasília sugestões do Paraná.

Depois de regulamentado o setor, a nutricionista avalia que agora é necessário o desenvolvimento de campanhas educativas que promovam mudanças de hábitos alimentares na comunidade escolar e em suas famílias. Marcia crê que somente com informação será possível mudar os hábitos alimentares e impedir que os alunos, que ainda não aderiram aos hábitos saudáveis, recorram aos vendedores ambulantes que se instalam em frente à escola.

Considerando que as crianças estão destacadas entre os grupos populacionais mais suscetíveis às doenças transmitidas por alimentos, o regulamento que irá propor o Ministério ganha maior relevância nos serviços de alimentação situados no ambiente escolar.

E dentro dessa preocupação foi elaborada uma pauta de trabalho que discutirá os atores que favorecem e/ou determinam o crescimento de sobrepeso e obesidade em crianças, definições do que é uma alimentação saudável, o papel da escola na formação de hábitos alimentares saudáveis, as cantinas saudáveis e as estratégias de implantação e avaliação (identificação de parceiros) e construção da matriz.

Segundo a assessora técnica da Coordenação da Política de Alimentação e Nutrição do MS, Dillian Goulart, a partir desta oficina será produzido um material de apoio estruturando os dez passos para uma alimentação saudável.

Esta cartilha irá propor as boas práticas para serviços de alimentação, um caminho para a regulamentação da comercialização de alimentos em âmbito escolar, em nível federal, e também sugerir um modelo de questionário para avaliação das condições das cantinas escolares. Além do Ministério da Saúde estarão envolvidos no projeto o Ministério da Educação e Agência Nacional da Vigilância Sanitária.

Obesidade infantil

O ministério da Saúde está de olho no alerta da Organização Mundial de Saúde de que nos próximos dez anos a obesidade será a principal causa de morte evitável, superando o número de óbitos causados pelo cigarro, em todo o mundo.

A OMS considera a obesidade infantil mais preocupante que a adulta, pois o sobrepeso e a obesidade nesta fase vêm crescendo de forma alarmante, constituindo-se numa ameaça à saúde e ao desenvolvimento destes grupos. Estudos mostram que cerca de 50% de crianças obesas aos seis meses de idade, e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão obesas.

De acordo com a Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (EG), proposta pela OMS e aprovada por 191 países na 57a Assembléia Mundial de Saúde é necessário fomentar mudanças sócio?ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis no nível individual, de forma a reverter este quadro alarmante de ascensão das doenças crônicas não-transmissíveis ? DCNT.

A grande preocupação é que essas doenças levam anos para produzir o efeito negativo e crianças obesas crescem carregando problemas de saúde que poderiam ter sido evitados com modos de vida mais saudáveis. Neste contexto, os hábitos alimentares são importantíssimos porque são estabelecidos durante a infância, consolidados na adolescência e estão diretamente relacionados ao risco do desenvolvimento de DCNT na vida adulta.

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