Ministro da Fazenda acredita que é possível ter melhora de avaliação da S&P

"É possível que tenhamos melhora na classificação do (rating) Brasil", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair da reunião com o corpo diretor da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em Nova York. "Senti boa receptividade à boa argumentação que apresentamos", acrescentou.

O secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy, acompanhava o ministro e afirmou que representou a equipe econômica na agência Fitch Ratings durante a viagem aos EUA, por causa de conflito de calendário que impediu a ida do ministro pessoalmente à sede da instituição. As perguntas da Fitch, disse o secretário, foram relacionadas aos compromissos que o governo tem com a questão fiscal e com as reformas.

"Como eles olham também para crescimento, e o Brasil tem tido uma performance melhor, é possível que tenhamos uma melhoria de avaliação, uma vez que nitidamente o crescimento está acima de patamares considerados regulares. Passamos a faixa de 4% do crescimento, temos condições de continuar acima (deste nível). Nós mostramos condições que são favoráveis para que isto se dê no futuro", acrescentou Mantega. "Procurei mostrar que o Brasil no presente e futuro tem condições de ter desempenho econômico muito melhor, já está tendo crescimento maior e, desta maneira, no quesito crescimento, o Brasil já tem condições de caminhar para um investment grade (grau de investimento)."

Segundo Mantega, "a S&P leva em consideração outros aspectos da realidade brasileira que não são tão considerados por outras agências. Eles valorizam muito a questão do crescimento enquanto em outras agências a questão fiscal é mais valorizada", ponderou.

O ministro afirmou que fez uma comparação do Brasil com outros países, na qual o País apresenta vantagens no contexto internacional mesmo que haja desaceleração no ciclo de commodities. "Em parte, os países estão crescendo porque houve elevação dos preços de commodities agrícolas, que vários deles exportam. O Brasil tem condições de manter crescimento sustentável, mesmo que haja baixa de preços agrícolas porque o País tem mercado interno robusto, tem estrutura produtiva mais complexa, indústria sofisticada e setor bancário muito robusto, que outros países não têm".

O ministro reconheceu que não houve nenhum compromisso da agência em relação ao rating. "Não saio com promessa, mas vão discutir tudo profundamente. Senti boa receptividade à argumentação que usamos, que teve respaldo, e eles conhecem intimamente a economia brasileira", acrescentou. Segundo o ministro, os membros da S&P fizeram muitas "perguntas para esclarecimentos". Sobre as respostas que deu à S&P, afirmou o ministro, falei da questão fiscal, da perspectiva que temos para a reforma tributária, perspectivas que temos de aprovar a lei que limita o aumento do gasto com funcionalismo público, lembramos a lei de micro e pequenas empresas, que já é uma reforma tributária importante", completou.

O ministro falou que também comparou o Brasil a outras economias no globo. "Se houver desaceleração das compras da China, por exemplo, vários países da AL e mesmo da Europa poderão desacelerar e o Brasil não, pois o País substitui isto com o mercado interno, que está crescendo mais. E leva até vantagem no câmbio, que fica menos valorizado, estimulando as nossas exportações", estimou.

Sobre a visita às agências nesta semana, o ministro afirmou que o procedimento não é uma "inovação". "Não é sempre que o Brasil pode pleitear uma melhoria. Neste momento temos todas as condições para pleitear melhoria, temos o que mostrar. Foi daí que me dispus a vir aqui".

Mantega não acredita que a visita possa ser vista como uma forma de pressão. "Normalmente eles vão ao Brasil, vêm conversar conosco. Conheço a Lisa Schineller (diretora de rating soberano da S&P) há muito tempo, conheço desde quando era assessor do então candidato e atual presidente Lula, e é comum dialogar. Não tem nada de mais, e não deve considerar pressão. E até, se considerar pressão seria pressão legítima, não há nenhuma hostilidade", acredita. Mantega se recusou a comparar as agências e a dizer qual teria se mostrado mais flexível aos argumentos apresentados pelo ministro.

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