Ministra defende alianças com outros países após fase inicial do Protocolo de Quioto

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou hoje que é preciso reforçar as alianças com outros países para o período após 2012, quando termina a primeira fase dos compromissos firmados no Protocolo de Quioto. Segundo Marina Silva, é necessário que o Brasil continue a protagonizar ações para diminuir as emissões de poluentes e procurar parcerias com países desenvolvidos e em desenvolvimento.

As declarações foram dadas hoje, durante o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade, do qual participaram, além da ministra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista, Geraldo Alckmin.

O Protocolo de Quioto prevê diversos mecanismos entre os países para diminuir as emissões de poluentes. Um dos principais é o comércio de créditos de carbono, pelo qual os países emissores de gases que provocam o efeito estufa podem amenizar suas dificuldades para alcançar as metas de redução desses gases investindo em projetos com esse objetivo em outros países, como o Brasil.

Segundo a ministra, é preciso transformar esses investimentos para projetos sociais. "Nosso desafio é balizar o compromisso que o país pode assumir na redução da emissão de gases do efeito estufa com os nossos esforços para a redução da pobreza. A combinação de todos esses interesses constitui, sim, um desafio interessante ao qual devemos atribuir a maior importância", afirmou Marina Silva.

Ela disse que, apesar de faltarem sete anos para o fim da primeira fase do Protocolo de Quioto, já devem ser iniciados os debates sobre o que fazer depois de 2012. "Este é um momento estratégico em que devemos aprofundar o debate sobre o que deverá ocorrer no período pós-2012, reiterando o protagonismo que tivemos até aqui e reforçando as nossas alianças com outros países", afirmou Marina. "Tenho absoluta certeza de que estaremos sendo capazes de, nesse momento pós-2012, dar também a nossa contribuição em aliança com outros países, que se constitui em uma nova forma de caminhar."

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a posição norte-americana em relação ao Protocolo de Quioto. Os Estados Unidos se recusaram a assinar o protocolo e continuam a emitir altas taxas de poluente. "O ideal seria se os Estados Unidos voltassem à mesa de negociação. Difícil na situação atual dos Estados Unidos, com tipo de governo que há hoje, com o tipo de visão que o governo americano tem, na sua falta de sentido de responsabilidade em matéria ambiental, é difícil, mas ia ser o ideal", disse o ex-presidente, que participou das reuniões de Quioto em 1997.

Para Fernando Henrique, o Brasil deve se unir a outros países em desenvolvimento, como a Índia, e procurar cooperação com a Europa. "Precisamos encontrar mecanismos que façam com que a Europa, ao invés de ficar pregada aos interesses dos EUA, se desloque na direção dos nossos interesses. Um país como o Brasil, um país como a Índia e, eventualmente, como a China, tem peso nessa matéria na medida em que eles possam realmente suscitar alguma ligação mais ativa com os países europeus", afirmou Fernando Henrique.

"Devemos nos esforçar para agora, mais do que antes, em cooperação com a Europa, tratar de ver se arrastamos a posição do Brasil, da Índia, se for possível, da China, para uma posição mais racional que permita defender nossos interesses. Colocar com ênfase as questões próprias nossas de biodiversidade, desigualdade social e tudo mais", completou o ex-presidente.

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