Após seis horas de exames no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o médico particular do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), Sérgio Nahas, concluiu que ele apresenta o mesmo quadro clínico da última avaliação, no Hospital das Clínicas (HC), há 14 dias, que fará a manutenção do tratamento, mas que o estado emocional dele é crítico e preocupante. "Ele não está bem. Está intranqüilo, insatisfeito, muito magoado, chora, fala as coisas às vezes sem nexo", disse. "Ele tem alteração muito grande de humor pelo estresse ao qual foi submetido. Uma alteração de comportamento que eu acho muito complicada", alertou Nahas, que descartou a necessidade de internação.
O médico afirmou que Maluf tem dificuldade para se comunicar e articular frases e palavras. "Não está bem do ponto de vista emocional. Eu diria que é uma depressão, não saberia quantificar, não é minha esfera de trabalho", avaliou o médico, que é gastroentereologista. "Ele está com dificuldade de se comunicar mesmo com as pessoas mais íntimas dele."
Para Nahas, a mazela emocional que acometeu o ex-prefeito é fruto das condições do cárcere. "A indisposição generalizada está expressa no rosto dele. Ele sofreu e entendeu isso como uma agressão muito forte", definiu.
Segundo o médico, Maluf "não está na sua melhor plenitude física e mental". Para ele, isso é normal para "quem passa por períodos como esse". Nahas destacou que Maluf tem 75 anos e várias dificuldades de saúde. "É um paciente cardiopata, coronariopata, hipertenso, já teve um enfarte, problema de próstata, hérnia de hiato, uma gastrite, tudo isso e ainda foi exposto a esse estresse." Nahas lembrou que, no período em que esteve preso, o ex-prefeito passou por um cateterismo, uma endoscopia e uma colonoscopia.
O médico irritou-se quando questionado se o diagnóstico de doenças não seria uma tática para aliviar a prisão. "Todo esse elenco de doenças já foi encontrado em fotografia e está bem documentado", disse, lembrando que protocolou tudo na Polícia Federal.