Mal-estar

Não pegou bem a decisão anunciada pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, de afastar quatro pesquisadores não alinhados ao pensamento econômico do governo. O dirigente, inclusive, negou que os técnicos tenham sido, efetivamente, afastados de suas funções.

A instituição está atualmente subordinada à Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, para a qual o presidente Lula convidou o professor Roberto Mangabeira Unger, ao que se especula, na quota do partido fundado e dirigido por bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, dentre os quais o de maior expressão é o senador Marcelo Crivella (PR-RJ), sobrinho do bispo Edir Macedo, dirigente máximo da denominação.

Os pesquisadores afastados são Fábio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Régis Bonelli, numa atitude que os jornais atribuíram a um expurgo de economistas não necessariamente submissos ao pensamento encomendado pelo governo.

Pochmann tentou remediar o visível mal-estar causado pela dispensa dos pesquisadores (dois foram cedidos pelo BNDES e dois são aposentados trabalhando em regime de colaboração), dizendo que a medida foi meramente administrativa.

Não é de hoje que técnicos criteriosos e independentes do Ipea, em alguns enfoques, discordam frontalmente do governo, recusando-se a aceitar o encilhamento político a quem exerce o poder. Por isso tornou-se uma instituição de respeito.

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