Lula descarta medidas artificiais para conter desvalorização do dólar frente ao real

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou nesta terça-feira (15) a adoção de medidas artificiais para conter a desvalorização do dólar frente ao real. A moeda norte americana encerrou o dia valendo R$ 1,98, o menor valor desde 2001.

"O câmbio vai continuar sendo flutuante e vai se ajustar", afirmou o presidente, referindo-se à política cambial brasileira, que não permite intervenções do Banco Central para estabilizar a moeda em um patamar. "Nós não podemos resolver o problema do câmbio como alguns querem que a gente resolva: cria o câmbio para agricultura, cria o câmbio-soja, o câmbio-automóvel, o câmbio-parafuso, não dá", argumentou.

Ele disse que o governo tem procurado adotar medidas de redução de impostos para que as empresas brasileiras cujos produtos competem com os importados, especialmente os chineses, possam ganhar mais competitividade dentro e fora do país. "Eu quero dizer, para as pessoas que estão perdendo competitividade, que o governo fará a sua parte. O governo pode aumentar a alíquota de produtos importados, pela OMC [Organização Mundial do Comércio] nós poderemos chegar até 35% na taxação de determinados produtos. Já fizemos isso no setor têxtil, poderemos fazer para outros setores".

O presidente também fez referência à oportunidade que as empresas nacionais têm, com a redução do preço dos produtos em reais, para importar mais bens de capital (máquinas e equipamentos), o que possibilita a ampliação e modernização das fábricas. E comentou que o governo age quando reduz a taxa de juros, tornando menos atraentes os títulos brasileiros e, assim, trazendo menos dólares para o país.

Na avaliação do presidente, também a adoção de medidas para aumentar as importações, mesmo com menor saldo comercial, permitiria a redução da quantidade de dólares em circulação no país. Lula salientou, no entanto, que com a economia brasileira consolidada, o brasileiro terá que aprender a conviver com os dólares entrando no país.

"Acabou o tempo em que os homens da economia deste país precisavam correr todo final de ano para Washington para conseguir uma migalhazinha do FMI [Fundo Monetário Internacional] para fechar a nossa conta", disse, ao apontar que o bom momento econômico que o país vive é que tem proporcionado o fortalecimento do real.

E acrescentou: "Nós, agora, estamos tentando ver como gastar um pouco dessa quantidade de dólar que temos, porque uma reserva de US$ 125 bilhões, um saldo comercial de mais de US$ 40 bilhões, um superávit de conta corrente de mais de US$ 14 bilhões, inflação baixa, é tudo o que os brasileiros não estavam preparados e graças a Deus nós conquistamos tudo isso".

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