Inquérito que investigou irregularidades em licitação é concluído

Ribeirão Preto, SP – O relatório do inquérito que apura suposta fraude na licitação do lixo de Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto (SP), envolvendo a empresa Leão Leão, foi concluído em dezembro e chegou hoje à tarde ao Fórum local. O volume deverá ser enviado ao promotor José Gaspar Figueiredo Mena Barreto amanhã (04), que o repassará, em seguida, aos promotores do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco).

Esse órgão iniciou a investigação sobre o esquema do lixo em várias cidades paulistas em meados de 2004, após uma autorização judicial para interceptações telefônicas. Barreto disse que desconhece o conteúdo do inquérito, mas o delegado Pláucio Fernandes, responsável pelo caso, e que está em férias, não deve ter apontado crime ou indiciado acusados por não conseguir reunir provas suficientes para isso.

A investigação foi aberta no fim de setembro de 2004 para apurar uma suposta fraude na licitação do lixo, no valor de R$ 22,5 milhões. Isso ocorreu após as interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça flagrarem conversas entre diretores da Leão Leão e funcionários da prefeitura responsáveis pela concorrência. Em agosto, o advogado Rogério Tadeu Buratti, ex-diretor da Leão Leão, disse, em depoimento à Polícia Civil, que o prefeito de Sertãozinho, José Alberto Gimenes (PSDB), teria recebido propina de 12% do faturamento mensal do contrato da empresa. A Leão Leão teria pago propina a outros cinco ex-prefeitos da região, incluindo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que teria recebido R$ 50 mil mensais entre 2001 e 2002, quando administrava Ribeirão Preto – o sucessor dele, ex-prefeito Gilberto Maggioni (PT), teria dado seqüência ao esquema. Os acusados negam essa prática.

O promotor Daniel José de Angelis, do Garco, disse hoje que sabe da conclusão do inquérito no município, mas que ainda não conhece o conteúdo, o que poderá ocorrer entre amanhã e sexta-feira (06). Angelis disse que o Gaerco está "preparando outras provas", mas não citou se se referem a Sertãozinho ou aos casos investigados em Ribeirão Preto, que também envolve o esquema do lixo local e a Leão Leão. O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, disse ter provas que confirmam as fraudes na administração municipal, até mesmo o superfaturamento dos serviços executados pela empresa. Por isso, alguns suspeitos deverão ser indiciados na averiguação que apura peculato, corrupção ativa e passiva de agentes públicos e políticos, falsidade ideológica e doação irregular para campanhas eleitorais. Essa apuração deve ser concluída até o fim de fevereiro. Outros inquéritos estão em andamento em Monte Alto e Matão (SP).

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