Inflação cede com recuo de preços no atacado agrícola

A deflação intensa nos preços dos produtos agrícolas no atacado (-1,51%) foi determinante para a desaceleração na taxa do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que passou de 0,38% para 0,18% de março para abril. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

De acordo com ele, a queda de preços no setor agrícola foi forte o suficiente para conter a aceleração de preços dos produtos industriais, no mesmo período (de -0,01% para 0,56%) e também levou à taxa negativa nos preços das matérias-primas brutas no atacado (-1,93%). Quadros considerou que vários produtos importantes na formação da inflação do atacado estão em período de safra, o que beneficia a oferta deles no mercado interno e, por conseqüência, reduz os preços.

"As safras estão boas, os preços internacionais estão otimistas e isso faz uma diferença muito grande", disse. Entre os destaques, estão as quedas registradas nos preços das aves (-7 23%); milho em grão (-6,66%); e soja em grão (-3,13%). No caso específico da soja, o economista informou que, se o preço do grão tivesse registrado mesma variação apurada no indicador de março (quando subiu 1,49%), o IGP-10 de abril teria subido 0,32% e não 0,18%. "A favor da soja estão fatores como preço internacional reduzido; câmbio valorizado e ‘pico’ de colheita", disse, ressaltando que atualmente a soja passa pelo auge de sua colheita, o que eleva ainda mais a oferta do produto.

Combustíveis

Já os preços dos combustíveis e lubrificantes dispararam no atacado, no âmbito do IGP-10. Segundo Salomão Quadros, os preços no setor saíram de uma alta de 0,22% em março para uma elevação de 1,34% em abril. "Cerca de um terço da aceleração de preços dos produtos industriais no atacado (de -0,01% para 0,56%) é originada dos combustíveis", afirmou.

O economista explicou que o setor foi afetado principalmente por elevações de preços mais intensas em três tipos de combustível. A primeira influência partiu da aceleração de preços em álcool etílico hidratado (de 2,05% para 3,36%). O economista considerou que, atualmente, o produto passa por um cenário de final de entressafra, que leva a estoques limitados de seus derivados – como o álcool, por exemplo.

As duas outras influências partiram das altas de preço mais intensas em óleos combustíveis (de 3,09% para 5,55%) e querosene para motores (de -4,40% para 2,37%). Esses dois produtos foram influenciados pelas oscilações na cotação do petróleo, no mercado internacional.

Recuo dos IGPs

A taxa mais baixa do IGP-10 em abril indica que os próximos IGPs a serem divulgados este mês (como o IGP-M e o IGP-DI) devem registrar taxas menores do que as apuradas em março, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV.

O índice anunciado hoje pode funcionar como um antecedente do comportamento dos outros indicadores de inflação do mês, atualmente, "o IGP-10 mostra um caminho de baixa". Para ele, o IGP-10 tem boas perspectivas de continuar nesse comportamento de baixa, porque "o efeito das colheitas ainda não foi esgotado". O economista explicou que o período das colheitas no setor agrícola eleva a oferta dos itens, o que puxa para baixo os preços no segmento, no atacado. "Acho que há uma boa perspectiva de o IPA (que mede a inflação no atacado) continuar ainda baixo (no mês de abril)",disse.

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