Indústria florestal reclama de invasões. Rodrigues vê vandalismo

Brasília – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues classificou de "ações de vandalismo" as invasões promovidas por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em propriedades da indústria florestal. Na abertura do 3º Congresso Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável para a Indústria de Base Florestal e de Geração de Energia, em Brasília, Rodrigues atribuiu as recentes invasões a questões ideológicas e à falta de informação. "É preciso desideologizar", disse. "O plantio de árvores gera emprego, renda", argumentou.

Rodrigues ouviu, em dois discursos seguidos, reclamações do setor produtivo, pedindo maior empenho do governo em pôr fim às invasões a propriedades de floresta plantada. Um dos autores da queixa foi o presidente da empresa Aracruz, Carlos Aguiar. Ele solicitou ação mais firme. A empresa, disse, sofreu um prejuízo de US$ 700 mil de área plantada, sem falar no que se perdeu em pesquisas durante uma invasão sofrida em Barra do Ribeiro (RS) em março.

"Esta instabilidade afugenta novos investimentos para uma área que vem crescendo muito nos últimos tempos, gerando emprego", afirmou. Para Aguiar, a onda de invasões tem explicação clara: integrantes do MST buscam visibilidade, qualquer que seja o preço por isso. "Uma invasão numa propriedade de empresa florestal tem repercussão internacional. Isso tem reflexos na bolsa de Nova York. Todos querem saber se vamos conseguir ou não cumprir nossas remessas", avalia. Aguiar lembrou que, no caso da Bahia, será feito um investimento de meio bilhão. "Qual a tranqüilidade em manter tal ação, diante de invasões como essas?", indagou.

Germano Aguiar Vieira, da Associação Mineira de Silvicultura, classificou as invasões como selvageria. Para ele, vários dos integrantes do movimento agiram de forma ingênua, usados por grupos minoritários, interessados em desestruturar a produção. "Precisamos do apoio da sociedade esclarecida, mostrar que nossa atividade promove trabalho, progresso", afirmou.

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, observou que as invasões estão totalmente desvinculadas da questão ambiental. Para ele, o setor de florestas plantadas ainda carrega um estigma de destruidor do meio ambiente. Algo que, garante, está desvinculado da realidade. "Hoje vemos muitas destas indústrias preocupadas em preservar e recuperar o meio ambiente", disse.

Capobianco observou ainda que a participação de pequenos e médios produtores na silvicultura vem aumentando de forma significativa nos últimos anos. Hoje, afirma, pequenas e médias propriedades respondem por 23% da produção do setor. Em 2002, a porcentagem era 7%. "O governo vem incentivando a participação de pequenos produtores, promovendo encontros sobre questões ambientais", disse.

Justiça – Ele observa, porém, que a questão das invasões tem de ser tratada pela via judicial. "Vários setores do governo vieram a público criticar as invasões. É isso que pode ser feito não se pode extrapolar. Medidas práticas são adotadas pela Justiça, que traz uma série de mecanismos para resguardar e proteger a propriedade", completou.

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