Índios não têm bons professores

Foto: Lucimar do Carmo

Falta de qualificação é um problema no ensino indígena.

Brasília – O ensino indígena no País esbarra na falta de qualificação dos professores. O levantamento Estatísticas sobre Educação Escolar Indígena no Brasil, divulgado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC) constatou que uma parcela significativa dos docentes não concluiu o ensino fundamental nem sequer recebeu formação para dar aulas.

 Dos cerca de 8 mil professores que lecionam nas escolas indígenas, constatou o estudo, 64,8% têm ensino médio completo e 13,2%, o ensino superior. No entanto, a pesquisa aponta que 12,1% só terminaram o ensino fundamental e 9,9% nem concluíram esse nível de ensino.

Conforme a pesquisa, o Norte e Nordeste constituem as regiões com um número maior de professores com menor escolaridade. Em relação à média nacional, o percentual de professores nesses estados com ensino fundamental incompleto é maior que nos demais.

Apesar de o total de professores com ensino médio completo ter aumentado desde 1999, o próprio levantamento destaca a necessidade de investimentos em capacitação profissional. ?Ainda é expressivo o contingente de professores indígenas, cerca de 10% do total, que estão em atuação e que não só não concluíram o ensino fundamental, como nunca receberam qualquer formação para atuar como professores?, adverte o texto.

A adaptação do currículo para a realidade das aldeias constitui outra dificuldade. O levantamento do MEC revelou que menos da metade das escolas (41,5%) dispõe de material didático criado especialmente para os grupos étnicos. Mesmo nesses casos, no entanto, o uso costuma estar restrito a uma única cartilha, livro ou dicionário. ?A situação é extremamente preocupante, demonstrando a insuficiência de materiais que permitam uma prática educacional pautada pela interculturalidade e pela valorização dos conhecimentos e saberes próprios s comunidades indígenas?, avalia o levantamento.

Coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Kléber Matos diz que o ministério está investindo na melhoria da qualificação dos professores. Ele, no entanto, alega que, por atuar com comunidades indígenas, esses docentes precisam de formação diferenciada. Enquanto o magistério normal dura três anos, a formação de professores indígenas leva de quatro a cinco, compara. Esse é um problema que o ministério está resolvendo, mas os efeitos só serão sentidos a médio prazo.

Para Kléber, a falta de professores capacitados também interfere na educação especial para os índios. Segundo ele, o problema é maior no ensino médio, onde a carência é ainda maior. Principalmente no ensino médio, muitos professores não-indígenas são remanejados para dar aula nas aldeias, admite. Isso está longe de ser o ideal, mas infelizmente é uma situação ainda presente no ensino indígena do País.

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