Índios do Xingu querem paralisar obra de hidrelétrica

Cerca de 130 índios ikpeng, do Parque Nacional do Xingu, fizeram hoje uma manifestação em frente ao anexo 4 da Câmara. O grupo reivindica a paralisação das obras da hidrelétrica de Paranatinga 2, no município de Campinópolis (MT).

O porta-voz do grupo, Napiku Txicão, disse que a construção da barragem está secando o rio na parte abaixo da obra e, na parte de cima, o lago que será formado vai tomar parte das terras dos índios e inviabilizar o primeiro Quarup a ser sediado pela tribo(Quarup é a festa anual em que os índios do Xingu homenageiam seus mortos).

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, recebeu representantes dos Ikpeng, e destacou que os índios devem ter representação parlamentar, escolas de boa qualidade e apoio por parte da sociedade.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO), que também conversou com os índios, pretende agendar encontro com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para rediscutir a implantação da usina. O parlamentar disse também que estuda a possibilidade de pedir liminar à Justiça para interromper as obras da barragem até que seja feito um novo estudo de impacto ambiental na área.

Prejuízos

A Paranatinga Energia S/A, empresa concessionária da construção da central hidrelétrica Paranatinga II, distribuiu nota na qual afirma que dará continuidade às obras somente depois que revisar o Termo de Compromisso com os índios do Parque Indígena do Xingu com o referendo da Fundação Nacional do Índio (Funai). "O canteiro de obras da empresa foi invadido, depredado e saqueado na semana passada por cerca de 130 índios, mesmo ficando a aproximadamente 100 quilômetros do Parque", diz a nota. A Paranatinga adiantou que os prejuízos devem atingir aproximadamente R$ 300 mil.

De acordo com o diretor de Operações da empresa, Manuel Martins, a decisão de retomar as obras após um entendimento definitivo com os índios busca evitar novos conflitos. "Estamos cumprindo toda a legislação ambiental e do setor elétrico, além de desenvolver estudos cientíticos completos para mitigar os impactos ambientais e culturais", disse Martins.

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