Índios acampados na Esplanada pedem mais diálogo com governo

O índios acampados na Esplanada dos Ministérios pedem mais diálogo do governo
com os povos indígenas. No primeiro dia da mobilização nacional Terra Livre, que
vai até sexta-feira (29), Jecinaldo Barbosa Saterê-mawé, da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), disse que os povos estão
decepcionados com o governo. "Estamos decepcionados, apesar de ainda existir
esperança", disse. "Esperamos que o governo sinalize para o diálogo com os povos
indígenas".

Entre as principais reivindicações está a instalação do
Conselho Nacional de Política Indigenista, "uma instância onde os indígenas
participem diretamente e onde o governo possa estar mais articulado, pare de
brigar dentro da gestão pública e possa unir forças para suprir os graves
problemas que afetam as populações indígenas", explica Barbosa. Como exemplo dos
problemas, citou a "desnutrição, problemas fundiários e a falta de prioridade na
educação diferenciada para as populações indígenas".

O líder indígena
Tabo, da etnia Caiapó, do Pará, é um dos que reclama da dificuldade de acesso à
educação e à saúde e das constantes invasões de posseiros, pescadores,
madeireiros e garimpeiros à sua aldeia. "Quando a gente pede ajuda para a
Fundação Nacional do Índio (Funai), eles pedem para esperar, e deixam sempre
para depois", denunciou.

Além da ausência de diálogo, outras críticas
mencionadas pelo índio saterê-mawé são a incapacidade do governo em atender à
pluralidade das populações e a falta de prioridade com relação à política
indigenista. "Foi preciso que denunciássemos o Brasil na Organização dos Estados
Americanos (OEA) e fizéssemos outras mobilizações para que saísse a homologação
da Reserva Raposa Serra do Sol."

Outros pedidos se referem à homologação
de 14 terras indígenas e o desenvolvimento de um programa de proteção destas
terras. "Além disso, estão tramitando inúmeros projetos de leis que vão
prejudicar diretamente os direitos dos povos indígenas garantidos na
Constituição de 1988. Principalmente a mudança no processo de demarcação das
terras indígenas", alertou.

Proteção aos conhecimentos tradicionais,
divisão justa dos benefícios da biodiversidade, o desenvolvimento dos povos, a
saúde e a educação são outros temas que serão discutidos durante a mobilização,
que faz parte do "Abril Indígena", um conjunto de manifestações realizadas em
vários estados e organizado pelo Fórum de Defesa dos Direitos Indígenas (FDDI).

O FDDI promove protestos e discussões sobre a política indigenista do
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cerca de 700 índios de 89
etnias participam do evento que acontece na Esplanada dos Ministérios, em frente
ao Ministério de Minas e Energia.

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