Grupo executa rapaz e fere cinco a tiros em fila de emprego no Rio

Uma pessoa foi morta, cinco foram feridas à bala e várias se machucaram ao tentarem se esconder hoje durante um ataque de traficantes a uma fila formada por duas mil pessoas que procuravam emprego em um supermercado, em Realengo, zona oeste do Rio. Os candidatos foram surpreendidos, às 9 horas, por cinco homens que chegaram num veículo Siena prata. Armados com pistolas e pelo menos uma granada, eles desceram do carro e assassinaram Leandro Moreira, de 21 anos, à queima-roupa.

"A razão do ataque é uma briga entre quadrilhas rivais", disse o comandante do 14.º Batalhão da PM (Bangu), coronel Romão Vilaça, que, ainda assim, classificou o crime como um "atentado terrorista". Um policial disse que os bandidos não foram ao local com a intenção de matar Moreira, mas, ao encontrá-lo, decidiram executar o rapaz.

Apesar de não ter antecedentes criminais, Moreira estaria envolvido com o tráfico de drogas, informou o inspetor Aluísio Russo, da 33ª Delegacia Policial (Realengo). Até o início da noite, apenas um suspeito, Emerson Ferreira Vieira, de 19 anos, havia sido preso. Dois homens que também teriam participado do crime foram identificados como Thiago Silva de Andrade e Eduardo Bandeira.

Após roubar um Siena prata em Bangu, bairro da zona oeste, os bandidos voltavam para o Morro do Batan, em Realengo. No trajeto, reconheceram Moreira, morador da Favela Vila Aliança dominada por uma facção rival. Depois de matá-lo, os criminosos deixaram o local a pé. Na fuga, roubaram um Fusca e uma motocicleta e seguiram de volta para a Batan.

Os feridos, levados para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, foram identificados como Vagner Fragoso da Silva, de 20 anos, Marcelo Conceição França, de 31, Edvaldo Lúcio Soares Ramos, de 44, Bruno Faustino Ferreira, de 23, Alcelino do Carmo, de 28, e Fabiano da Conceição, de 28. Os dois primeiros, atingidos no tornozelo e na coxa esquerdos, respectivamente, tiveram alta do hospital à noite.

"Foi um horror. Me joguei no chão, houve gritaria e muitas pessoas se machucaram", contou Josué Martins, de 29 anos, desempregado há quatro meses e pai de um garoto de cinco anos. Ele chegou à fila às 5h30 e testemunhou o ataque. "Graças a Deus não fui atingido", disse Martins, que, depois de muita espera, acabou contratado pelo supermercado. "Estou feliz e, ao mesmo tempo, triste pela família que perdeu o rapaz."

Sentado num banco do lado de fora do hospital, Marcelo Conceição França contou ter vivido "momentos de pânico". "Ouvi um monte de tiros e, mesmo baleado na coxa esquerda, corri. Foram pelo menos 20 disparos. Graças a Deus fui salvo. Estou traumatizado", disse.

Em operação na Favela do Batan, além de Emerson Vieira, a PM prendeu mais oito pessoas e apreendeu três menores, acusados de outros crimes: associação para o tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Foram encontrados um revólver, uma escopeta, drogas, munição e uma touca ninja.

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